Crise nas urgências: Temido atribui constrangimentos atuais a escolha feita "nos anos 80”

Agência Lusa , CV
25 ago 2022, 17:15
Marta Temido (Lusa)

Em conferência de imprensa realizada após a reunião do Conselho de Ministros, a ministra da Saúde defendeu que os problemas de falta de médicos no SNS em determinadas especialidades “são reflexo de características do próprio sistema”

A ministra da Saúde considerou esta quinta-feira que os problemas que têm afetado recentemente o Serviço Nacional de Saúde (SNS) são consequência de decisões tomadas “há várias décadas”, apontando aos anos 80.

“O facto de termos um número de médicos em determinadas especialidades que é insuficiente para a rede de prestação de cuidados de saúde que hoje temos – insuficiente e, em termos etários, desadequado daquilo que precisamos de garantir – não é o resultado de uma escolha de hoje, ontem ou do ano passado. É o resultado de uma escolha que foi feita há várias décadas, nos anos 80, quando o acesso aos cursos de medicina estava altamente limitado, o que levou a que tivéssemos agora o reflexo dessa escolha”, justificou Marta Temido.

Em conferência de imprensa realizada após a reunião do Conselho de Ministros, a governante - que esteve acompanhada pela ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva - assinalou também que os atuais constrangimentos “são reflexo de características do próprio sistema”, mas que se verificam também noutros países.

“Não são de hoje, agudizam-se em determinados momentos do ano no nosso sistema de saúde, como noutros sistemas de saúde”, salientou, acrescentando: “O Governo está a trabalhar para que no futuro esta situação possa não onerar novamente o país. Isso é a visão de longo prazo. Por outro lado, há também matérias relacionadas com a própria oferta de serviços de saúde.”

Relativamente às dificuldades que têm sido observadas em diferentes serviços de ginecologia-obstetrícia, Marta Temido observou que o Ministério da Saúde “está a trabalhar com os serviços e grupos técnicos” para que a oferta dos serviços de saúde nesta área seja redesenhada em breve. “Esperamos ter já alguns resultados no início de outubro, para que possamos discutir como nos vamos reorganizar”, notou.

Sobre o caso de uma grávida que foi levada do Seixal para o Hospital das Caldas da Rainha, já alvo de um inquérito pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), disse esperar que a situação não se repita.

A governante acrescentou que há diversas investigações a decorrer sobre casos específicos e os resultados serão reportados pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).

Já em relação aos estudos sobre a mortalidade infantil e materna, a ministra referiu que os mesmos estão a ser conduzidos pela Direção-Geral da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e manifestou a expectativa de que surjam alguns resultados sobre este tema em outubro.

Paralelamente, Marta Temido garantiu que o trabalho do Ministério da Saúde com as estruturas sindicais dos trabalhadores do setor sobre a revisão das carreiras continua a decorrer.

“Os processos negociais estão a ser encarados por ambas as partes com a expectativa de que possamos finalmente ter uma solução para algumas das questões suscitadas”, sentenciou.

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