Marcelo e a fuga de informação sobre o novo Governo: "O que se passou, passou"

24 mar 2022, 10:16

Presidente da República diz que reunião com Costa "não fazia sentido" num dia "ocupado" depois dos nomes do novo Governo terem sido anunciados na comunicação social e confirmados pelo gabinete do primeiro-ministro

Marcelo Rebelo de Sousa voltou hoje a falar sobre o cancelamento da reunião com o primeiro-ministro marcada para a apresentação da composição do novo Governo e considerou que "o que passou, passou" e a reunião "não fazia sentido" depois dos nomes terem sido anunciados na comunicação social.

"O que passou, passou, isto deve ser encarado com naturalidade institucional, no sentido em que se havia uma correspondência de uma lista, àquela que tinha sido divulgada e isso era confirmado pelo gabinete do primeiro-ministro, não fazia sentido num dia como aquele, que foi ocupado, estar a fazer uma reunião para confirmar o que já estava confirmado", afirmou o Presidente da República. 

Na cerimónia comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, em que esteve ao lado de António Costa, "ficou claro que não fazia sentido haver audiência", disse ainda Marcelo.

Na quarta-feira, a divulgação oficial da composição do novo Governo ainda não tinha sido feita pelo Primeiro-ministro, mas a comunicação social já começava a avançar os nomes dos ministros da próxima legislatura, uma situação que deixou o Presidente da República desagradado.

"Até facilita a minha vida" afirmou Marcelo à porta do Palácio de Belém, lembrando os compromissos que ainda teria de cumprir esta quarta-feira a propósito do início das comemorações dos 50 anos 25 de Abril.

Pouco depois, António Costa comentava a situação, dizendo partilhar o mesmo sentimento do que o Presidente da República, e acrescentou que há normas institucionais que não foram respeitadas.

"Os jornalistas conseguiram. Só tenho que dar os parabéns a quem fez a fuga de informação". Apesar da ironia, não deixou de lamentar o sucedido e garante compreender a posição do presidente da República. 

Marcelo vai nomear Costa como ministro interino dos Negócios Estrangeiros

O chefe de Estado anunciou ainda que vai nomear o primeiro-ministro como ministro interino dos Negócios Estrangeiros uma vez que Santos Silva vai tomar lugar como deputado e tudo indica para ser o próximo presidente do Parlamento. António Costa irá assumir estas funções "no começo da semana" que vem.

Segundo o chefe de Estado, esta nomeação transitória é necessária "para garantir que não há interrupção, que há continuidade na política externa" até à posse do novo Governo e não é invulgar: "É muito vulgar isso acontecer, o primeiro-ministro assumir transitoriamente as funções, neste caso, de ministro dos Negócios Estrangeiros".

"Eu terei de nomear o senhor primeiro-ministro ministro interino dos Negócios Estrangeiros durante uns dias, porque o senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros tem de ficar liberto para, enquanto deputado, poder estar presente na instalação do parlamento e poder eventualmente ser eleito presidente do parlamento", disse hoje o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa explicou que, como "a saída de um ministro implica a saída dos secretários de Estado", terá não só de nomear "nomear interinamente por uns dias, dois dias, o primeiro-ministro ministro interino dos Negócios Estrangeiros" como também "de nomear os secretários de Estado, para ele ter uma equipa para poder funcionar".

Questionado sobre quando é que António Costa irá tomar posse como ministro interino dos Negócios Estrangeiros do XXII Governo cessante, respondeu que "não há posse propriamente dita, é uma posse simbólica" e "tem de ser no começo da semana, uma vez que o senhor primeiro-ministro está agora na cimeira da NATO e na cimeira da União Europeia".

"Depois, entretanto decorre a seleção ou os convites aos secretários de Estado. Apontaria que isso ocorra a tempo de, não havendo recursos, e até agora não apareceu nenhum recurso [do apuramento dos resultados no círculo da Europa], a posse ser, como previsto, para a próxima quarta-feira", acrescentou.

PR em Fátima para a consagração dos dois países em guerra 

O Presidente da República anunciou que vai estar presente, durante a tarde de sexta-feira, na consagração da Rússia e da Ucrânia, em Fátima, para participar no “apelo à paz universal”.

“É muito importante que os vários responsáveis portugueses, que têm estado sempre alinhados continuem alinhados em relação à Ucrânia”, sustentou Marcelo Rebelo de Sousa, à chegada à Reitoria da Universidade de Lisboa, para intervir no colóquio “Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril”.

“Amanhã irei à consagração em Fátima, feita em simultâneo com a consagração pelo Papa Francisco, a meio da tarde. É, no fundo, uma consagração pela paz e um apelo à paz universal”, prosseguiu o chefe de Estado, completando que “o corpo diplomático também foi todo ele convidado”.

Na sexta-feira, a Rússia e a Ucrânia, que estão em guerra há precisamente um mês, vão ser consagrados ao Imaculado Coração de Maria, durante a Celebração da Penitência.

O Papa Francisco convidou bispos em todo o mundo a unirem-se para uma oração pela paz. A Celebração da Penitência tem início previsto para as 17:00 de Roma (18:00 em Lisboa), na Basílica de São Pedro, e a consagração terá lugar pelas 18:30 locais (19:30 em Lisboa), de acordo com a informação disponibilizado pela Vatican News, o portal de notícias oficial do Vaticano.

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