O chefe de Estado não quis desenvolver a nota da Presidência na qual Marcelo deixa claro que "discorda" da decisão de Costa em manter Galamba no Governo
O Presidente da República saiu a pé do Palácio de Belém para ir jantar a um restaurante local, passando pelos jornalistas que aguardavam, como é habitual, que prestasse declarações sobre a atualidade, concretamente a crise política, depois de António Costa ter anunciado que não aceitava a demissão do ministro João Galamba.
"Terei oportunidade de dizer aos portugueses o que penso, mas hoje não", disse enquanto caminhava em direção ao restaurante, percurso durante o qual falou com vários populares.
Em passo apressado, o chefe de Estado adiantou aos jornalistas que esteve a "trabalhar nuns diplomas" e que pretendia agora ir jantar, recusando-se a comentar os acontecimentos de terça-feira.
No início da noite de terça-feira, João Galamba anunciou ter pedido a demissão ao primeiro-ministro, que se recusou a aceitar esse "gesto nobre" do ministro das Infraestruturas, apesar do desejo de Marcelo nesse sentido.
Depois de o primeiro-ministro anunciar a sua decisão numa conferência de imprensa na residência oficial de São Bento, a Presidência da República emitiu um comunicado a dar conta que Marcelo "discorda" da posição de António Costa.
Desde então, Marcelo não voltou a comentar o sucedido.
Cerca de 40 minutos depois, o Presidente saiu do restaurante e voltou a recusar fazer qualquer comentário. "Falarei talvez amanhã, ou assim", indicou aos jornalistas, acrescentando que agora ia "comer um gelado" antes de regressar ao trabalho.
Perante a insistência dos jornalistas, Marcelo recordou a letra de Pedro Abrunhosa antes de seguir na direção oposta: "É preciso ter calma, não dar o corpo pela alma."