Ativistas do movimento Climáximo julgados por desobediência e atentado à segurança rodoviária

Agência Lusa , NM
20 out 2023, 13:40
Ativistas do Climáximo bloqueiam Avenida 24 de Julho em Lisboa

Em causa está a manifestação de 4 de outubro, quando empunharam durante 20 minutos uma faixa de alerta sobre a emergência climática, bloqueando o trânsito, num protesto não autorizado.

Três jovens ativistas do movimento Climáximo começaram esta sexta-feira a ser ouvidos no Campus de Justiça pelos crimes de desobediência e atentado à segurança de transporte rodoviário, no que é o primeiro julgamento de manifestantes do movimento ambientalista.

As três jovens arguidas, com cerca de 20 anos, foram detidas pelas autoridades numa manifestação em 04 de outubro, quando empunharam durante 20 minutos uma faixa de alerta sobre a emergência climática, bloqueando o trânsito, num protesto não autorizado.

Duas das três arguidas alegaram que eram apenas simpatizantes do movimento, tendo participado em reuniões de trabalho e de esclarecimento, mas Eva Falcato admitiu que integrava o coletivo Climáximo, uma “organização horizontal” onde “todos têm uma opinião” sobre o que fazer para “sensibilizar as pessoas para a emergência ambiental”.

Na intervenção inicial, o juiz afirmou que as três arguidas “perceberam os avisos da polícia e recusaram abandonar a via” e que “sabiam que incorriam em desobediência qualificada”. A moldura de cada um dos crimes de que as arguidas estão acusadas pode ir até aos cinco anos de prisão. 

"Como não nos deixaram ir para a Assembleia da República", como estava previsto na manifestação de 04 de outubro, “encontrámos uma passadeira e sentámo-nos lá”, explicou Eva Falcato, que tentou explicar a natureza inorgânica do movimento, rejeitando estar a cumprir ordens.

“O que eu fiz até agora foi organizar eventos”, mas o Climáximo é composto por “apoiantes que se reveem nas causas” e “qualquer um pode imprimir as suas camisolas e dizer-se apoiante”, explicou a jovem professora de música.

Questionada no julgamento sobre se estava arrependida de ter desobedecido à ordem da polícia, Eva Falcato argumentou: “Estou arrependida, mas ao mesmo tempo estou a tentar perceber o direito à manifestação, porque estamos em crise climática e eu continuo a achar estranho que isto seja crime”.

Em causa está o facto de aquela ação específica – ocupar uma passadeira com uma faixa – não estar autorizada, algo que a arguida disse desconhecer ser necessário para uma “concentração de três pessoas”, o número de jovens que empunhava a referida faixa.

As outras duas arguidas disseram ser simpatizantes do movimento e reafirmaram estarem muito preocupadas com a emergência climática, lamentando que a ausência de ação do Estado nesta matéria.

Na quarta-feira, os ativistas ambientais do movimento colaram-se, no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, a um avião que iria fazer a ligação entre Lisboa e Porto, numa ação para criticar as emissões de gases com efeito de estufa "absurdas, mortíferas (…) e completamente desnecessárias" destas ligações curtas quando existem alternativas de transporte.

O protesto surgiu na sequência de diversas ações ao longo das últimas semanas, como o bloqueio de várias ruas e estradas, o arremesso de tinta ao ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, bem como ao edifício da FIL e a um quadro de Picasso no Museu de Arte Contemporânea - Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), e o preenchimento com cimento dos buracos de um campo de golfe no Lumiar.

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