Época de regularidade

21 abr 2001, 16:15

I Liga ali tão perto

Aceite o convite da direcção presidida por José Vieira de Carvalho, Mário Reis chegou à cidade da Maia durante a pré-época para orientar o clube de futebol local. A realidade que foi encontrar não era a mais agradável, já que da época anterior herdava uma equipa de futebol praticamente desfeita, da qual transitavam apenas sete jogadores, enquanto que os restantes dezanove tinham sido dispensados. De imediato colocou as mãos à obra e tratou de refazer a equipa, contratando dezasseis elementos e fazendo subir três juniores ao plantel principal. Com a época em curso foram requisitados mais cinco atletas, enquanto que três eram dispensados.  

Para o técnico, muitos dos reforços eram uma incógnita, jogadores que vinham das divisões inferiores nacionais, do Brasil, de Itália, da Bélgica ou da Grécia. «Não se sabia qual era o seu carácter, a sua resposta sobre pressão», assegura Mario Reis. Como consequência, teve de ser feito todo um trabalho de bastidores, procurando prepara-los para a exigente II Liga nacional, em que são vários os candidatos a subir ao escalão maior e em que a pressão é uma consequência natural, mas sempre presente, do desgaste provocado por uma acesa disputa entre iguais. 

Mesmo assim, as cartas foram lançadas e a formação maiata desde logo assumiu para o que vinha: a promoção à I Liga. Apesar de ser sempre olhada com uma certa desconfiança. Mas os responsáveis pelo clube sabiam o que queriam e nem o facto de os analistas o considerarem um outsider, quando comparado com outras equipas na teoria mais fortes como o Santa Clara, o Rio Ave ou o Setúbal, os demovia de perseguir os seus intentos. 

Com o começo do campeonato, iniciou-se a caminhada do Maia. Uma caminhada pautada pela regularidade, com a equipa a oscilar entre o terceiro e o sexto posto da tabela classificativa. Sem dar muito nas vistas, os pupilos de Mário Reis trilhavam o caminho com passos curtos, mas seguros, sem nunca perderem de vista o farol que iluminava o seu caminho.  

Entretanto, com o desenrolar da temporada a equipa crescia colectivamente, ganhavam-se automatismos e alguns jogadores começavam a sobressair. Jogadores como Debenest, o guardião belga totalista da equipa, Cabral, o lateral esquerdo com alargada experiência de I Liga que garantia o traquejo que esta formação necessitava, Major, o capitão e símbolo do clube, Cássio, o goleador recrutado ao Democrata de Valadares, do Brasil, e Yuri, um júnior de 17 anos que se tem revelado como a arma secreta que decide jogos. 

Com o aproximar da recta final do campenato da II Liga, o Maia sentia que apenas necessitava daquele empurrão que o lançasse para o pódio, um grande resultado que aumentasse a moral dos atletas. Esse empurrão chegou à passagem da 28ª jornada, com a vitória na Póvoa do Varzim por 2-3, um crónico concorrente directo. Com este resultado o Maia alcançou o segundo lugar, com 52 pontos, um acima dos terceiros classificados e com outro de desvantagem em relação ao líder, Santa Clara. Uma classificação que deixa tudo em aberto, mas que ao mesmo tempo torna os maiatos dependentes, apenas, de si próprios para na próxima época serem primodivisionários.

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