A fezada portuguesa que gelou o inferno de Bucareste

19 mai 2016, 10:09
Cluj

Contra todas as expectativas, Cluj venceu a taça da Roménia, com dois portugueses preponderantes

Poucos o esperavam, mas na noite de terça-feira o Cluj atirou um gigantesco balde de água fria nas esperanças de quase 50 mil adeptos do Dínamo de Bucareste, numa final da taça da Roménia, marcada também pela homenagem a Patrick Ekeng.

Numa equipa com sete jogadores portugueses e treinador português também, a armada lusa contribuiu diretamente com uma assistência e um penálti convertido. Dois jogadores que assumem que tinham a fezada de que as coisas lhe saíram bem nessa noite.

Vítor Bruno, que na época passada jogou no Penafiel, começou o jogo no banco. Entrou aos 77 e aos 88 minutos marcou o livre que Cristian Lopez aproveitou para fazer o 2-2 e empatar um jogo que o Cluj esteve a perder por 2-0.

«Para ser sincero, estava muito, muito, confiante de que ia deixar a minha marca. Tinha falado com a minha namorada um pouco antes e tinha-lhe dito: ‘Se eu entrar, vou fazer alguma coisa importante. Estava mesmo confiante’», disse ao Maisfutebol o jogador de 26 anos.

«Obviamente que gostava muito de ter sido titular na final, mas entrar, e ter sido preponderante de alguma forma, também me dá muita satisfação», frisou o jogador que está a terminar aquela que foi a primeira temporada fora de Portugal.

O 2-2 levou o jogo para o prolongamento e Tiago Lopes revela o que espoletou a reação da equipa do Cluj. «Mesmo a perder 2-0, o treinador ao intervalo falou connosco e disse que era possível fazermos o empate e ganharmos. Fizemos o 2-1 logo no início da segunda parte e depois o 2-2. Como não houve golos no prolongamento, fomos para os penáltis».

Aí, o defesa de 27 anos, teve um papel preponderante. «Eu estava preparadíssimo e disse logo ao treinador: “eu bato. Não tenho problema nenhum, estou muito confiante”», revelou.

«Também já tinha batido, e bem, nos treinos, por isso fui muito tranquilo no momento de bater o penálti», explicou.

O Cluj não falhou nenhuma grande penalidade. O mesmo não pôde dizer o Dínamo de Bucareste, que acabou por perder a taça contra todas as expectativas.

«Estava a festa toda preparada para que fosse o Dínamo a ganhar, mas aquele ambiente ainda nos motivou mais e foi um prémio justo para os cerca de dois mil adeptos que foram de Cluj», disse Tiago Lopes.

Vítor Bruno não parece esquecer tão cedo esta final. «Este é o meu primeiro título profissional e a sensação é incrível. Jogámos num ambiente inacreditável. Por causa a homenagem ao Patrick Ekeng havia uma carga emotiva muito forte. Nunca tinha jogado num ambiente tão forte e tão emocionante. No ano passado, tive oportunidade de jogar no palco dos três grandes em Portugal, e na Luz com o Benfica já quase campeão, mas não se compara. Aqui a dimensão é diferente. Ontem foi brutal. Brutal. O barulho, a intensidade dos adeptos, a coreografia fascinante… deu-me um gozo incrível entrar em campo e poder desfrutar daqueles momentos».

«Face à circunstância do próprio resultado [2-0 ao intervalo], era uma impossibilidade conseguirmos empatar, mas esta equipa tem este querer, esta vontade, que a faz reagir em resultados adversos», frisou.

A festa, conta Tiago Lopes, «foi rija» e «ainda não acabou». Com um cheirinho português e orgulho de levantar a bandeira portuguesa em terras romenas. «Somos sete portugueses e ainda soube melhor conquistar este título com o treinador português. É bom estarmos no estrangeiro e representar ao mais alto nível o nosso país», frisou o defesa.

Além disso, o troféu serve para atenuar um pouco o momento complicado que o clube vive. «Foram-nos retirados dez pontos, há processos do passado e agora o clube tem que pagar indemnizações aos ex-jogadores. Tudo isto mexe com a estrutura do clube, com a cabeça dos jogadores porque sabendo que temos menos seis pontos não jogamos da mesma forma. Este título é importante porque pode dar-nos mais confiança, estabilidade, para que o futuro seja risonho e o Cluj volte a ser o que outrora foi. Há cinco, seis anos, lutava pelo campeonato, Liga dos Campeões, pelas taças… era perfeitamente natural», realça Vítor Bruno.

E Tiago Lopes aponta o papel do novo técnico neste feito. «A equipa levantou-se, soube trabalhar, e a chegada do treinador Toni Conceição em janeiro veio dar-nos outra tranquilidade, outra qualidade. Vencer a taça foi o culminar disso».

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