Professores e polícias estão "cautelosos", mas acreditam que Montenegro vai "manter a palavra" e negociar em breve

3 abr, 07:02

Fenprof vai entregar quatro petições no primeiro dia de debate do programa do novo Governo na Assembleia da República e já está a preparar reunião para negociar a promessa do tempo perdido dos professores. Associação da PSP espera também para breve pagamento do subsídio de risco ao setor

“Cautelosos”, mas com a crença de que Montenegro vai “cumprir com as promessas”. Os sindicatos dos professores e polícias, dois dos setores que mais contestaram o último Governo, acreditam que Luís Montenegro tem tempo suficiente para resolver aquilo que definem como os principais problemas da classe: o pagamento do suplemento de missão às polícias e a contagem integral do tempo de serviço dos professores.

“Há tempo para resolver a questão da contagem do tempo de serviço, que é uma promessa do próximo primeiro-ministro”, recorda Mário Nogueira, dirigente da Fenprof, pouco depois de Luís Montenegro ter reforçado esse compromisso, sombreado por um aviso de Marcelo de que “o tempo é curto” para o concretizar. “Aquilo que esperamos é que após ser aprovado o programa, o novo Governo avance para negociações”, antecipa.

Até lá, afirma o dirigente sindical, a Fenprof vai entregar na Assembleia da República quatro petições no primeiro dia do debate do programa do Executivo que tomou posse esta terça-feira. “Estas petições são relativas à necessidade de respeitar as carreiras e o tempo de serviço, mas também em defesa da eliminação da precariedade dos professores, da regularização dos horários de trabalho e do rejuvenescimento da profissão”, explica. 

Para Mário Nogueira, a grande preocupação neste momento para as futuras negociações prende-se com a nomeação de Fernando Alexandre para liderar a pasta da educação. “Mesmo com as palavras do primeiro-ministro, claramente é preocupante a escolha de um nome da área liberal, que é defensor de um tratamento igual da escola pública e da escola privada. Mesmo com esse perfil, tenho confiança neste processo de negociação”, acrescenta. 

Um dos alicerces da sua campanha eleitoral foi a proposta da recuperação do tempo perdido dos professores no prazo de cinco anos - à razão de 20% em cada um deles. Esta terça-feira, na tomada de posse, Marcelo Rebelo de Sousa frisou esse seu próprio caderno de encargos: “É necessário atingir a pacificação dos anos letivos, em especial na escola pública, sem esquecer os professores.” 

Num momento em que PCP, Bloco de Esquerda e Chega já entregaram no Parlamento projetos-lei que pedem rápida negociação com os sindicatos por causa do pagamento do suplemento de risco às forças de segurança, Luís Montenegro ouviu também de Marcelo um aviso sobre este setor: “É urgente o fim da discriminação entre as várias forças de segurança.”

“Estamos cautelosos, mas acredito que vai cumprir com a palavra”, afirma Paulo Santos, dirigente da Associação Sindical da PSP - uma das que intrega a plataforma negocial dos polícias e militares da GNR e que já veio a público colocar uma meta de dois meses para cumprir o alargamento do subsídio de risco a todo o setor (e não só à Polícia Judiciária, como foi aprovado na última legislatura). “Luís Montenegro já reuniu com as forças, já conhece o problema e, portanto, vamos aguardar que chame a plataforma.”

Já sobre o discurso em si, o dirigente sindical apontou que “foi vago”, mas que é de “louvar a intenção de colocar o problema que os polícias estão a enfrentar num momento que é institucional”.
 

Relacionados

Novo Governo

Mais Novo Governo

Patrocinados