“Rui Rio tem de pensar se tem condições para continuar", mas não é "sensato" eleger já um novo líder do PSD

31 jan 2022, 11:16

Luís Filipe Menezes, ex-líder do PSD, considera que o partido deve “olhar para o futuro e fazer uma análise de qual deve ser o seu percurso”, mas não lhe parece “sensato” eleger já um novo líder

O ex-líder do PSD Luís Filipe Menezes esteve esta segunda-feira de manhã na CNN Portugal, a analisar os resultados das eleições legislativas de domingo. Para Menezes, após o resultado obtido pelos sociais-democratas, “Rui Rio tem de pensar se tem condições para continuar, se tem força e vontade” para permanecer à frente do partido. Todavia, não lhe parece “sensato” eleger já um novo líder, mesmo que tenha ficado “longe daquilo que era os seus objetivos eleitorais”, com cerca de 30%.

“É evidente que o PSD tem de olhar para o futuro e fazer uma análise de qual deve ser o seu percurso”, afirma Luís Filipe Menezes, que alerta que “ontem foi uma noite a quente” e que “o PSD tem de pensar com calma, com tranquilidade”, sem ter “pressa de soluções precipitadas”.

“Um líder eleito do PSD, nesta altura, de supetão, é algo que não me parece que seja sensato. Além de que se o próximo líder não for Rui Rio, e eu não estou a ver que ele saia do grupo parlamentar, tem um problema que eu tive, que Marcelo Rebelo de Sousa também teve. Não é nada simpático liderar uma oposição, quatro anos, sem ser parlamentar e não poder confrontar o primeiro-ministro no Parlamento”, explica.

Quanto à vitória obtida pelo Partido Socialista, Luís Filipe Menezes lembra que esta é a terceira maioria absoluta “da democracia portuguesa” e que “António Costa conseguiu com muita habilidade politica descolar completamente da herança da ultima bancarrota, de um Governo em que participou, de José Sócrates”.

Ao contrário de Rui Rio, que Luís Filipe Menezes considera que “não conseguiu descolar ainda dos quatro anos de troika”. “Há muitos portugueses que se lembram ainda dos cortes de pensões, dos congelamentos de salários e responsabiliza o PSD por isso”, conclui.

O ex-líder social-democrata considera que, após surgir a geringonça, "nos primeiros dois anos de oposição" a António Costa não houve da parte do PSD um "discurso dos mais inteligentes". Todavia, não considera errado o caminho escolhido nestas eleições: "Discordo de quem diz que Rui Rio devia ter feito uma caça de votos à direita" e assume que existiu "um discurso ao centro".

"Não houve crescimento à direita"

Mas há algo que tem sido abordado e que Luís Filipe Menezes discorda em absoluto: "Não houve crescimento à direita. Este é que é um dos grandes enganos. O Chega e a Iniciativa Liberal tiveram exactamente a mesma percentagem que teve o CDS quando ganhou as eleições com o PSD em 2011. Só que o PSD, nessa altura, teve 36% e o PS teve 28%".

Olhando para os últimos anos em Portugal, Luís Filipe Menezes recorda que "o Cavaquismo acabou em 95, passaram 26 anos, é muito tempo". "Desses 26 anos, o Partido Socialista governou 20 anos. Com a vontade dos portugueses, é verdade". E acredita que estes "20 anos de socialismo mudaram sociologicamente o pais". E justifica: "Quando o PS chegou ao poder, entre pensionistas e salário mínimo havia cerca de 27% de portugueses. Hoje há 43%. E esta forma de governar, tornou estes 43% de portugueses muito cautelosos, muito prudentes e muito acomodados".

Por fim, Luís Filipe Menezes assumiu que, de uma certa forma, está satisfeito que "o Partido Socialista tendo ganho, tenha ganho com maioria absoluta". Até porque, sem geringonça, "tem de assumir por inteiro as suas responsabilidades e o senhor Presidente da República tem um papel acrescido". "Porque com maioria absoluta deixa de ser árbitro e tem de ser fiscalizador da legalidade do estado democrático", conclui.

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