Sporting-Belenenses, 2-0 (crónica)

21 ago 2021, 22:37

Um campeão virado avesso

Os mais céticos, aqueles que acusavam o Sporting de ser um campeão de trazer por casa, deviam ter visto esta vitória sobre o Belenenses. Fazia-lhes bem. Podia ser um antídoto para tanto pessimismo.

É que se este Sporting de Ruben Amorim, no passado, ganhava sem jogar bem, ganhava por margens mínimas, ganhava com golos arrancados a ferros em jogadas de bola parada ou em penáltis, esteve novo Sporting, de escudo de campeão ao peito, é uma equipa virada do avesso.

Pelo menos esta noite foi-o.

Basta dizer, aliás, e para início de conversa, que o resultado não faz minimamente justiça ao que se passou no relvado. É escasso para tanto domínio e para tão bom futebol como o Sporting teve.

É verdade que a oposição foi fraca. Este Belenenses é frágil. É uma equipa ainda em construção e Petit vai precisar de tempo para retirar, como costuma fazer, o melhor rendimento dos jogadores.

Apesar disso, é preciso olhar pela outra perspetiva: pela perspetiva de quem vê o copo meio cheio. E olhando desse lado o que se viu foi um Sporting extremamente forte na pressão, a recuperar rapidamente a bola e apresentar várias soluções para desenvolver as saídas para o ataque.

Palhinha dominou completamente o meio campo e mostrou classe a distribuir o jogo, Paulinho foi incansável na forma como se associou à construção de jogo, oferecendo uma linha de passe que os colegas procuraram permanentemente, para a partir daí se criar desequilíbrios ofensivos.

Veja a ficha e o relato ao minuto do jogo

A verdade, feitas as contas, é que o Sporting jogou pela direita, pelo centro e pela esquerda, explorou os três corredores da mesma forma, teve vários momentos em que a bola rodou de um lado ao outro do campo, à procura do momento certo para explorar a profundidade e criar perigo.

Perante isto, pergunta o leitor, porque não foi o resultado outro?

Em primeiro lugar, porque o Belenenses colocou muitos homens na linha defensiva, em segundo lugar, porque a definição das jogadas nem sempre correspondeu à inspiração da construção das mesmas e, em terceiro lugar, porque os finalizadores tiveram este sábado uma noite para esquecer.

Só Paulinho, por exemplo, falhou três oportunidades claríssimas, a últimas das quais isolado na cara do guarda-redes, e Pedro Gonçalves (sim, também ele) falhou pelo menos por duas vezes.

Ora por isso valeram os golos madrugadores, a abrir a primeira e a segunda partes, para garantir os três pontos. Curiosamente dois golos que surgiram na sequência de bolas paradas, embora o primeiro tenha nascido de um canto que a defesa do Belenenses aliviou mal, o que permitiu a Vinagre recolher a bola e cruzar com as medidas certas para a cabeça de Gonçalo Inácio.

Já o segundo foi uma jogada clássica do laboratório de Ruben Amorim: livre de Pedro Gonçalves para o segundo poste e desvio de Palhinha para golo.

Enfim, há hábitos que se entranham.

Já o Belenenses, esse, foi de uma incapacidade ofensiva atroz. Afonso Sousa bem tentou mexer com o jogo da equipa, mas esteve sempre sozinho. Por isso a formação de Petit chegou ao fim dos noventa minutos com apenas um remate efetuado, precisamente por Afonso Sousa, já na segunda parte: um remate do meio da rua que saiu muito por cima da barra.

Adán não teve, portanto, de fazer uma única defesa.

O Sporting, claro, não tem culpa disso. Ou se calhar até tem, e por isso merece estes elogios: os elogios justos a um campeão virado do avesso.

Sporting

Mais Sporting

Patrocinados