Belenenses-Paços de Ferreira, 0-2 (crónica)

Ricardo Gouveia , Estádio Nacional, Oeiras
25 fev 2022, 22:17

O conforto também dá vitórias

A abrir a 24.ª jornada da Liga defrontaram-se os dois piores ataques da Liga e venceu naturalmente o menos mau. O Paços de Ferreira arrancou uma preciosa vitória no Estádio Nacional que lhe permite seguir numa posição confortável a meio da tabela classificativa e afunda mais uma vez o Belenenses que parece cada vez mais encaminhado para a descida de escalão. Um jogo que também assinalou o regresso de Nico Gaitán à Liga, agora vestido de amarelo.

Em campo estavam os dois piores ataques da Liga, o que não permitia antever um jogo com muitas emoções, pelo menos ao nível de golos, mas por outro lado as mesmas equipas também estão entre as três piores defesas do campeonato, o que abria espaço para o marcador sair do previsível nulo.

Entrou melhor o Paços de Ferreira no tradicional 4x3x3, com um meio-campo mais bem preenchido, que lhe permitiu, desde logo, assumir as rédeas do jogo, com uma boa circulação de bola, num forte contraste com o adversário que entrou muito desequilibrado em campo.

Com Pedro Nuno e Baraye demasiado abertos sobre as alas, Yaya Sithole e André Sousa não tinham pernas para a acompanhar as movimentações dos castores, que num ápice fixaram o jogo no meio-campo do adversário e começavam, aos poucos, a procurar também conquistar a linha de fundo.

Era mais do que evidente que o Belenenses estava demasiado descompensado em campo. Franclim Carvalho, que assumiu erros na derrota anterior, em Barcelos, não estava nada satisfeito com o que estava a ver e deixava isso bem evidente, a esbracejar, a gritar e até a saltar junto à linha lateral. Era preciso corrigir rapidamente, uma vez que o golo do Paços parecia cada vez mais eminente, com destaque para um remate de primeira de Nuno Santos para uma defesa impossível de Luiz Felipe, totalmente por instinto.

Era o Paços de Ferreira que tinha a bola, que marcava o ritmo do jogo e que ia criando oportunidades atrás de oportunidades. Mas a verdade é que, aos poucos, os jogadores do Belenenses começaram a ouvir Franclim Carvalho, acertaram posições, com Pedro Nuno e Baraye a procurarem terrenos mais interiores e os «azuis» acabaram por equilibrar o jogo. A partir da meia-hora vimos um Belenenses sempre a crescer e um Paços em sentido contrário, a recuar em toda a linha em relação aos primeiros trinta minutos.

A equipa de Franclim Carvalho entrou finalmente no jogo, conquistou os primeiros cantos, ensaiou os primeiros remates, mas, mesmo a fechar a primeira parte, golpe de teatro no Jamor. Na sequência de mais um pontapé de canto de Antunes, Chima Akas, a olhar para a bola, pisou inadvertidamente Luiz Carlos. O lance até seguiu com uma transição rápida do Belenenses, mas Artur Soares Dias, alertado pelo VAR, reviu as imagens e acabou mesmo por apontar para a marca dos onze metros. Luiz Carlos, com uma bomba, desbloqueou o marcador e os castores foram em vantagem para o intervalo.

O segundo tempo começou com uma intensidade muito maior, com o Belenenses à procura do empate e o Paços a explorar bem as transições rápidas. Um início de parada e resposta até ao golo de Hélder Ferreira na sequência de uma transição rápida, construída por Matchói Dajló e Denilson, até ao remate cruzado do extremo. Um segundo golo que permitiu ao Paços mudar para o modo gestão.

Franclim Carvalho ainda tentou abanar a sua equipa com as sucessivas entradas de Licá, Lukovic e Ndour, mas agora os azuis tinham um adversário totalmente confortável em campo, bem fechado a defender, sempre preparado para a rápida mudança de velocidade. César Peixoto também geria a partir do banco e abria espaço para a aguardada estreia de Nico Gaitán que ficou encarregue de gerir o novo ataque, entre Lucas Silva e Zé Uilton.

O Belenenses bem tentou reduzir a diferença até ao final do jogo, mas o Paços, mesmo com menos bola, geriu melhor os espaços e esteve sempre confortável até ao apito final de Artur Soares Dias.

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