A Taça voltou a casa

5 jun 2000, 00:15

Real Madrid oito vezes campeão europeu Na viragem do século, a Taça dos Campeões, transformada em Liga dos Campeões e aberta a mais equipas do que nunca, voltou ao seu primeiro dono. O Real Madrid, vencedor das cinco primeiras edições da competição, conquistou esta época "La Octava".

O Real Madrid já tem oito exemplares da Taça mais cobiçada do futebol europeu. Em Paris, o Real Madrid deu ao Valência uma lição de estatuto e venceu a final por 3-0. Foi um velho campeão para uma prova nova.  

Este ano a Liga dos Campeões mudou, para corresponder às exigências do mercado. Houve mais jogos, mais equipas em prova, mais dinheiro em jogo. O campeão deste ano ganhou perto de quatro milhões de contos. O figurino actual trouxe novas realidades ao futebol, confrontado com um calendário alucinante, com uma nova filosofia de gestão de plantéis e com uma nova relação de forças.  

Nesta alteração sairam reforçados os países mais ricos, que tiveram mais equipas em prova. Até se chegar à contradição, inaugurada na final de 1998/99 e repetida na de 1999/00, de os dois finalistas não terem sido campeões nacionais nos seus países. Aliás, este ano o figurino permitiu que se encontrassem no jogo decisivo dois clubes compatriotas. 

Sanchis centenário 

Mas o nome do vencedor relega para segundo plano estas perplexidades. O Real Madrid é a equipa com mais tradição na competição maior do futebol europeu, a que disputou mais finais da prova grande do calendário europeu e a que mais vezes venceu (oito vitórias para 11 presenças no jogo decisivo). Resistiu às mudanças de nome da prova, às alterações de figurino e chega ao ano 2000 com um registo incrível - participou em 30 edições, tem 214 jogos na Taça dos Campeões. Sanchis, o veterano capitão do Real que este ano ergueu a Taça pela segunda vez, fez 100 jogos na prova. Só há sete clubes que tenham atingido essa marca. 

Tudo começou há 45 anos, com o mítico Real Madrid de Di Stefano, Gento, Kopa e, mais tarde, Puskas. Esses homens conquistaram as cinco primeiras edições da Taça dos Campeões. O Real voltou a ganhar a prova em 1966 e passou depois um longo jejum. Quebrou-o em 1998, com uma vitória sobre a Juventus e uma equipa orientada pelo treinador Jupp Heynckes. Então, como este ano, o Real fez uma época irregular em Espanha, no meio de uma crise que se arrasta há muito.  

Concentrados no objectivo europeu 

Esta temporada voltou a repetir-se a história. No início da época, o Real Madrid era notícia por constantes problemas com o treinador, crises no balneário, maus resultados. O técnico John Toshack acabou por sair. Foi substituído por Vicente del Bosque, um homem da casa chamado para fazer a gestão corrente da crise.  

E a equipa foi recuperando. No campeonato, foi ganhando terreno até terminar no quinto lugar. Mas cedo concentrou forças no objectivo europeu. Resistiu às fases de grupos (onde defrontou o FC Porto, com uma vitória e uma derrota) e foi sempre crescendo de forma. Nos quartos-de-final passou o Manchester United, campeão em título, com uma vitória memorável em Old Trafford, nas meias-finais eliminou o vice-campeão Bayern Munique. E na final superou o Valência, a equipa que mais impressionou a Europa do futebol na época que agora terminou. 

Madrid acolheu a oitava Taça com pompa e circunstância. Além dos festejos por toda a cidade, que ficaram marcados por alguns excessos e incidentes, o Real organizou uma festa no estádio Santiago Bernabéu para saudar os vencedores e acolher o troféu. A cerimónia foi cheia de simbolismo. A oitava Taça dos Campeões chegou ao estádio vinda do ar. Foi descendo, até poisar no meio do relvado. Em casa.

Mais Lidas

Patrocinados