Boavista-Rio Ave, 3-2 (crónica)

André Cruz , Estádio do Bessa Séc. XXI
22 abr 2023, 20:09

Pantera com pano para Mangas

Bom horário, sol à espreita, equipas que praticam futebol apelativo. Nem parece difícil reunir os ingredientes para animar o espetáculo da Liga. E a verdade é que não foi mesmo. O Boavista recebeu o Rio Ave este sábado, numa partida da 29.ª jornada que terminou com triunfo caseiro (3-2) e teve um pouco de tudo: muito golos, uma expulsão e emoção até ao fim.

A pantera fez uma primeira parte de nível arrebatador perante uma equipa descaracterizada e muito desinspirada. A formação axadrezada dominou a seu bel-prazer durante quase todo o jogo, teve em Ricardo Mangas o principal destaque, mas não se livrou do sofrimento na reta final.

Porém, conseguiu chegar ao terceiro jogo seguido sem perder e ultrapassou o rival desta tarde: é agora 10.ª classificada, com 37 pontos. A metade superior da tabela está muito perto, pelo que é caso para dizer que este Boavista tem pano para mangas e pode ambicionar posições cimeiras nas cinco jornadas que restam.

Três remates, três golos

Os primeiros minutos até foram muito «amarrados», mas bastou o primeiro remate para a tarde animar. De resto, em 16 minutos, viram-se três remates e… três golos. Valha-nos a eficácia!

O Boavista mostrou que não estava para facilitar e contou com os seus principais nomes em dia de inspiração.

Makouta – o verdadeiro pulmão do meio-campo axadrezado - serviu Mangas na esquerda, o ala/extremo impôs-se, ganhou a frente a Costinha e tirou o cruzamento para Yusupha, que só teve de encostar em cima da linha de golo (9m).

Nem foi preciso esperar muito pelo segundo golo: três minutos apenas. O Rio Ave voltou a falhar na coordenação defensiva e deu muito espaço aos atacantes do Boavista, que não perdoaram. Mangas serviu Yusupha na área, o avançado não foi «guloso» e, com um ligeiro toque, assistiu Bruno Lourenço para um remate colocado a partir da zona de penálti.

Passava um minuto do primeiro quarto de hora de jogo quando o Rio Ave mostrou que tinha mesmo viajado de Vila do Conde até ao Bessa, pois até aí nem sequer tinha ameaçado Bracali. Mas fê-lo de forma decisiva. Costinha cruzou para a área, os defesas boavisteiros esqueceram-se de Hernâni nas costas e o avançado encostou ao segundo poste, de cabeça.

Mas este golo foi o máximo que o Rio Ave fez na primeira parte.

Desde aí, o Boavista tomou conta do jogo e ainda dilatou a vantagem, saindo para intervalo com 3-1, que lhe assentava na perfeição e a exibição só estava manchada por não ter mantido a baliza a zeros.

Luís Freire estava visivelmente e de forma justificada insatisfeito com a equipa e até pediu ao guarda-redes Jhonatan para cair no relvado, de maneira a juntar os jogadores junto ao banco para dar uma «mini palestra». A exibição dos vilacondenses no primeiro tempo foi tão pobre que remataram… uma vez apenas.

O Rio Ave não conseguia lidar com a pressão alta dos boavisteiros, perdeu inúmeras bolas em zonas proibidas e a linha defensiva foi apanhada em contra-pé constantemente, tendo dificuldades em travar a velocidade dos atacantes axadrezados. Em suma, esteve mais lento em todos os processos e, a juntar a isso, contou com a desinspiração dos principais artistas.

Ao intervalo, então, verificava-se um 3-1, com o último golo a ser apontado por Mangas, que esteve noutro patamar relativamente aos demais. O extremo do Boavista tinha ameaçado momentos antes, mas foi aos 35 minutos que bateu Jhonatan, após Salvador Agra ultrapassar como quis Josué e ter tirado um cruzamento, que precisou apenas de um desvio.

Muitas mexidas, mas poucas mudanças

Luís Freire não surpreendeu ao intervalo e fez uma tripla alteração para o início da segunda parte. Josué, Samaris e André Pereira, três dos que mais passaram ao lado do jogo, deram a vez a Sávio, Vítor Gomes e Ruiz.

Por seu turno, Petit tirou Bruno, que já apresentava queixas físicas, lançou Luís Santos e baixou Mangas, que assim andou mais afastado das zonas de decisão, onde se notabilizou na primeira parte.

Apesar de mudarem as peças, os treinadores viram o mesmo jogo nos primeiros minutos. O Rio Ave revelou muita apatia em criar volume de jogo ofensivo e o Boavista continuou a aproveitar as várias falhas da linha defensiva de Vila do Conde. Talvez, ainda assim, tenha faltado maior acerto.

Se a tarde já era para esquecer, o cenário agravou-se para o Rio Ave aos 62 minutos, quando Ruiz, que tinha entrado pouco antes, foi expulso com cartão vermelho direto por uma entrada dura sobre Sasso. O árbitro do encontro até foi chamado a ver as imagens no monitor do VAR, mas não recuou e manteve a decisão.

Acabar a sofrer

A jogar em superioridade numérica, com conforto no marcador e notoriamente mais forte na partida, o Boavista cedeu à tentação e recuou as linhas. Petit promoveu várias mexidas, lançou jogadores menos utilizados e o ritmo da pantera abrandou.

Aí, o Rio Ave foi resgatar forças onde parecia não ter e ainda foi a tempo de uma reação.

A cinco minutos dos 90, Emmanuel Boateng teve muita liberdade no corredor central e armou um pontapé colocadíssimo, que deixou os vilacondenses a apenas um golo do empate.

E não se pode dizer que o Rio Ave não tentou, na reta final, levar um ponto do Bessa. Mas a inferioridade numérica, aliada ao músculo que Petit acrescentou no miolo com a entrada de Ibrahima, impossibilitou uma resposta mais concreta. Ainda assim, os visitantes fizeram o Boavista sofrer para segurar uma vitória que parecia certa durante quase todo o tempo.

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