Bandeira LGBTI+ vetada por extrema-direita em municípios de Espanha

Agência Lusa , FG
28 jun 2023, 21:05
Bandeira LGBT (Foto: Ben Curtis/AP)

Espanha está em pleno período eleitoral e o Dia Internacional do Orgulho LGBTI+ ficou marcado no país pelo avanço do VOX, por o partido ter vetado, em localidades e regiões onde agora integra governos, a exibição da bandeira arco-íris em edifícios públicos onde normalmente é colocada oficialmente nesta data

A bandeira arco-íris, símbolo da luta contra a discriminação por causa da orientação sexual, foi, esta quarta-feira, Dia Internacional do Orgulho LGBTI+, também símbolo da luta política que vive Espanha e do avanço no país da extrema-direita.

Após as eleições regionais e locais de 28 de maio, o partido VOX, de extrema-direita, entrou em 140 governos municipais e passou a presidir a quatro parlamentos autonómicos.

O VOX também já fechou um acordo com o Partido Popular (PP, direita) para governar em coligação a região da Comunidade Valenciana, como acontece desde o ano passado em Castela e Leão.

Entretanto, estão marcadas eleições legislativas nacionais para 23 de julho, com as sondagens a darem a possibilidade de se repetir o cenário a nível nacional, ou seja, de haver uma coligação de governo entre PP e VOX.

Espanha está assim em pleno período eleitoral e o Dia Internacional do Orgulho LGBTI+ ficou esta quarta-feira marcado no país pelo avanço do VOX, por o partido ter vetado, em localidades e regiões onde agora integra governos, a exibição da bandeira arco-íris em edifícios públicos onde normalmente é colocada oficialmente nesta data.

O veto à bandeira por parte do VOX acabou por desencadear episódios de confronto com partidos de esquerda.

Foi o que aconteceu no edifício do parlamento de Castela e Leão, onde pelo segundo ano o presidente da assembleia proibiu a colocação da bandeira, mas os deputados socialistas (PSOE) decidiram fazê-lo nas janelas das salas do grupo parlamentar.

O presidente do parlamento regional (Carlos Pollán, VOX), pediu formalmente aos socialistas a retirada da bandeira, de vários metros, e ameaçou enviar forças de segurança para cumprir a ordem. O líder do grupo parlamentar do PSOE, Luis Tudanca, recusou retirar a bandeira e disse que continuará no mesmo sítio até ao final do dia desta quarta-feira.

Um episódio similar repetiu-se no edifício da câmara de Valladolid, a capital de Castela e Leão, até este ano governada pelos socialistas, mas agora nas mãos de uma aliança PP/VOX.

A sucessão de notícias sobre retirada ou não exibição da bandeira LGBTI+ em edifícios públicos provocou esta quarta-feira uma sucessão de críticas de dirigentes do PSOE e outros partidos de esquerda, que têm colocado no centro da campanha eleitoral a ameaça de o VOX entrar no governo nacional.

Os dirigentes do PP, por seu turno, sublinharam esta quarta-feira o apoio do partido à luta pela igualdade de direitos das pessoas LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, intersexuais e outras).

"Celebramos o reconhecimento da diversidade e que cada um decida quem quer que o acompanhe na sua vida. Feliz Dia do Orgulho", escreveu o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, no Twitter.

O partido decidiu também iluminar esta quarta-feira à noite, pela primeira vez, a sua sede nacional, em Madrid, com as cores do arco-íris.

Já o líder do VOX, Santiago Abascal, disse não ver motivo para celebrar ou assinalar este dia.

"Suponho que porque sou heterossexual, mas também penso que há muitos homossexuais que não celebram este dia porque não reduzem a sua personalidade e o seu ser simplesmente à sua orientação sexual", afirmou, numa entrevista à televisão TVE.

O líder do PSOE e primeiro-ministro, Pedro Sánchez, exibindo uma pulseira e um laço arco-íris, apelou esta quarta-feira à celebração do Dia Internacional do Orgulho LGBTI+, para não haver retrocessos nos direitos em Espanha, e lamentou que "PP e VOX estejam a meter dentro das instituições os seus preconceitos".

Sánchez reiterou também que os acordos de PP e VOX em municípios e regiões, nos últimos 20 dias, traduzem-se em "retrocessos de 20 anos" a nível de ideias e discursos, com a eleição, por exemplo, de presidentes de parlamentos regionais da extrema-direita que são negacionistas das vacinas e das alterações climáticas, que são ativistas contra o aborto ou que dizem que a violência de género não existe.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados