Mensagens contra comunidade LGBTQI+ disparam 185% em Portugal

ECO - Parceiro CNN Portugal , Joana Nabais Ferreira
28 jun 2023, 09:26
Bandeira LGBT (Foto: Ben Curtis/AP)

Entre as principais narrativas detratoras destacam-se os comentários sobre a chamada "ideologia de género"

Nos últimos quatro anos, as mensagens de ódio nas redes sociais contra a comunidade LGBTQI+ aumentaram 9,4%, enquanto as mensagens que promovem o apoio a este grupo caíram mais de 40%, conclui o relatório “Hate Speech and LGBTQI+ Pride in the digital conversation”, elaborado pela LLYC no âmbito do Pride 2023. Em Portugal, a trajetória mostra claramente que o discurso anti-LGBTQI+ está a ganhar cada vez mais terreno, com as menções deste cariz a dispararem cerca de 185%.

A nível nacional, a comunidade promotora corresponde a 22,7%, enquanto a comunidade detratora corresponde a 13%. Olhando, contudo, para a trajetória seguida de 2019 a 2022 no que toca ao volume de menções, é possível verificar que as mensagens da comunidade detratora têm vindo a ganhar espaço.

“A comunidade promotora diminui 12,05% e a detratora aumentou 184,85%”, pode ler-se no relatório da consultora de comunicação.

Fonte: Relatório “Hate Speech and LGBTQI+ Pride in the digital conversation”, da LLYC

Entre as principais narrativas detratoras destacam-se os comentários sobre a chamada “ideologia de género”. “A narrativa mais comum está associada a utilizadores que se posicionam contra a comunidade através da utilização do conceito de ‘ideologia de género'”, esclarece a LLYC.

Por outro lado, entre as principais narrativas promotoras encontram-se “as menções dos utilizadores destacam o apoio que artistas, meios de comunicação e séries como a espanhola “Smiley” ou “She” dão à comunidade LGBTQI+”. Ambas as séries são transmitidas na plataforma Netflix.

“Há também mensagens que incentivam a denúncia de comentários homofóbicos nas redes sociais, promovendo a tolerância, a liberdade e o apoio”, pode ler-se ainda.

Chefias na origem de 42% dos ataques verbais a profissionais LGBTQIA+

Um outro estudo lançado recentemente, desta vez pelo ManpowerGroup, e que se foca sobretudo na integração laboral da comunidade, concluiu que quatro em cada dez profissionais LGBTQIA+ em Portugal partilham a sua orientação sexual no local de trabalho, mas 4% destes profissionais já foi vítima de violência verbal devido à sua identidade de género ou orientação sexual (menos oito pontos percentuais face ao estudo anterior).

No entanto, apesar do recuo no número de pessoas a assinalar ter sido vítima de violência verbal em Portugal, em 42% dos casos esse ataque verbal tem origem em chefias, revelam os dados do estudo “Diversity at Work“.

Em Portugal, 14% dos profissionais já testemunharam no trabalho comportamentos discriminatórios contra colegas LGBTQIA+, pese embora o recuo de 15 pontos percentuais face ao estudo realizado pela empresa especializada em recrutamento no ano passado.

Quase um terço das empresas nacionais dizem ter programas de diversidade e inclusão LGBTQIA+, mas 6% dos profissionais dizem sentir-se discriminados no recrutamento. Uma percentagem que dispara para 50% no caso das pessoas trans.

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