"Uma coisa é o direito legitimo à manifestação, outra coisa é haver movimentos extremistas que incetivam, que fomentam comportamentos que atentam contra valores constitucionais e contra deveres essenciais das forças da segurança", considera o ministro da Administração Interna
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, garante que as eleições de 10 de março se irão realizar com "total tranquilidade": "Todos os deveres serão garantidos ao abrigo da cooperação entre forças e serviços policiais, e até na cooperação que se estabelece em sede de administração interna, todos os meios serão acionados em caso de necessidade", garantiu o MAI em entrevista à CNN Portugal.
O ministro responde assim às declarações de Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia, que, em entrevista à CNN Portugal, admitiu que as eleições podem estar em risco: "Começamos a temer que, de facto, se para hoje [sábado] houve falta de polícias, poderá haver falta de polícias para 10 de março porque os boletins de voto são transportados pelas forças de segurança e as urnas de voto também", disse.
Esta manhã, o ministro esteve reunido durante mais de quatro horas com o comandante-geral da GNR e com o diretor nacional da PSP. O objetivo da reunião foi "avaliar com a profundidade possível - porque há inquéritos em curso - os factos ocorridos em Famalicão", onde, devido à falta de condições de segurança, causadas pela falta de policiamento, o jogo de sábado teve de ser cancelado.
"Foi também dada orientação política para que todos os indícios que possam indiciar uma relação com aqueles que querem fomentar comportamentos que colocam em causa a ordem pública, a tranquilidade democrática e o estado de direito naturalmente que esses atos devem ser objeto de procedimento disciplinar e eventualmente criminal", garante José Luís Carneiro.
O ministro identifica "três momentos em que pode ter estado em causa o dever de obediência e o compromisso de missão das forças de segurança, nomeadamente quando foram dadas como inoperacionais várias viaturas, em segundo lugar o apelo à entrega das armas e agora estas baixas médicas que têm sido entregas nestes últimos dias". "A Insperação geral da Administração Interna vai averigurar os termos em que essas baixas têm sido entregues", afirma José Luís Carneiro.
"Consideramos que a manifestação é um direito legitmo e tem sido legitimamente exercido, aquilo que é intolerável é que haja atos que coloquem em causa a missão e os especiais deveres das forças de segurança no cumprimento da legalidade democrática dos valores constitucionais", diz, lembrando que "as forças de seguranca têm um juramento especial e não podemos permitir que alguns ponham em causa o brio e o profissionalismo de tantos".
"Uma coisa é o direito legitimo à manifestação, outra coisa é haver movimentos extremistas que incetivam, que fomentam comportamentos que atentam contra valores constitucionais e contra deveres essenciais das forças da segurança", considera o ministro, sublinhaando ainda que o recurso à "chantagem é inaceitavel do quadro do direito democrático".