Governo abre "inquérito urgente" ao policiamento do jogo Famalicão-Sporting

CNN Portugal , MJC
3 fev, 22:28
Famalicão-Sporting adiado (Lusa/José Coelho)

Foi também determinada a abertura de um inquérito sobre as declarações do presidente do Sindicato Nacional da Polícia, que afirmou que o ato eleitoral de 10 de março poderia estar em risco se os polícias voltassem a meter baixa como forma de protesto

O Ministro da Administração Interna determinou a abertura de um "inquérito urgente", por parte da Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI), aos acontecimentos que respeitam ao policiamento, pela PSP, do jogo Famalicão  Sporting, "em especial dos que se reportam a generalizadas e súbitas baixas médicas apresentadas por polícias", informa o MAI em comunicado. 

Foi também determinada à IGAI a abertura de um inquérito "a respeito de declarações de um responsável sindical relativas à atividade da PSP no contexto dos próximos atos eleitorais, nomeadamente a possibilidade de estar em causa o transporte de urnas de votos". Refere-se a Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional da Polícia, que, em entrevista à CNN Portugal, assim como em declarações a outros órgãos de informação, afirmou: "Começamos a temer que se, para hoje, houve falta de polícias, poderá haver falta de polícias para 10 de março, porque os boletins de votos são transportados pelas forças de segurança e as urnas de voto também.

Armando Ferreira espera que o Governo ainda responda às exigências do polícias e ouça "os gritos de revolta dos polícias" antes do ato eleitoral, mas deixa o aviso: “Eu quero acreditar que isso não vai acontecer. (...) Mas eu não controlo os meus colegas. Eu não tenho mão nos meus colegas.” 

Além disso, o MAI informa que o diretor nacional da Polícia de Segurança Pública e o comandante-geral da Guarda Nacional Republicana foram convocados para uma reunião com o ministro a ocorrer amanhã, domingo, às 9:00 no Ministério da Administração Interna.

Jogo Famalicão-Sporting cancelado por falta de polícias

O jogo entre Famalicão e Sporting deste sábado foi cancelado, devido à falta de elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP), ficando por definir a data, informou o clube minhoto. 

A Direção Nacional da PSP esclareceu que "tinha planeado e preparado o efetivo policial adequado e necessário para assegurar o normal desenrolar do evento FC Famalicão vs Sporting CP" e que "antes do início do policiamento ao evento, um número não habitual de polícias informaram que se encontravam doentes, comunicando baixa médica".

"A PSP prontamente acionou meios policiais de outras unidades de polícia, meios esses que também vieram a comunicar situações de indisposição, com deslocação para unidades hospitalares. Foram ainda acionados meios da Força Destacada da Unidade Especial de Polícia no Porto e da Guarda Nacional Republicana, visando reforçar o policiamento ao evento desportivo."

Porém, "mesmo tendo sido possível reforçar as imediações do mesmo, a PSP", uma vez que se registaram distúrbios entre adeptos à porta do estádio, "em coordenação com o organizador e o promotor do evento, decidiu que não se encontravam reunidas as condições necessárias para a realização do jogo".

Em comunicado, a Liga Portugal afirmou que "na reunião de preparação que organiza na semana que antecede todos os jogos das suas competições, foram garantidas, por parte das autoridades, todas as condições de segurança para a realização da partida, tendo a Liga Portugal sido surpreendida, em cima da hora do encontro, com a informação de que os agentes destacados para o FC Famalicão- Sporting CP teriam, como forma de protesto, alegado baixa médica para não marcarem presença no local, colocando em causa a paz pública e a integridade física dos milhares de adeptos que aguardavam a entrada no recinto, bem como um total desrespeito por todos aqueles que, alguns percorrendo centenas de quilómetros, se deslocaram ao recinto desportivo".

A Liga Portugal exigia então "ao Governo, em especial ao ministro da Administração Interna, a instauração de um processo de inquérito com caráter de urgência, de forma a apurar responsabilidades pelo sucedido, em defesa dos adeptos e das famílias, e informa que exigirá também, nas instâncias próprias, ser ressarcida pelos dano". 

Polícias alertam para "situação limite"

A plataforma que congrega sindicatos e associações das forças de segurança anunciou este sábado ter escrito ao primeiro-ministro sobre a “situação limite” dos profissionais que representa, alertando para um eventual “extremar posições” perante a “ausência de resposta” do Governo.

Em ofício datado de hoje e enviado na sexta-feira, a Plataforma dos Sindicatos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e Associações da Guarda Nacional Republicana (GNR) transmite a António Costa que “os polícias chegaram ao limite, podendo desesperadamente extremar posições, como as que estão a desenvolver-se por todo o país”.

Manifestando “preocupação (…) quanto ao que poderá provir daqui em diante”, a plataforma, que, até aqui, “conseguiu manter a ação reivindicativa dentro dos limites da lei”, realça agora que “não tem condições de enquadrar” todas as formas de protesto, antecipando que estas “atingirão proporções indesejáveis”.

A plataforma lamenta a “falta de disponibilidade” do primeiro-ministro para reunir e justifica assim a “necessidade de alargar e amplificar os motivos” do “descontentamento”. “É imprescindível e urgente uma responsável atuação por parte do Governo”, urge a plataforma, que congrega 11 sindicatos da PSP e associações da GNR.

Questionado pela Lusa, fonte do gabinete de António Costa afirmou que não recebeu a carta referida no comunicado: "Quando a carta chegar, merecerá a devida análise e a resposta do primeiro-ministro".

 

 

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