Arbitrar não é assim tão fácil (que o diga Olegário Benquerença)

6 fev 2015, 10:18
Jornalistas e comentadores (fpf.pt)

Jornalistas e comentadores estiveram numa formação em arbitragem

Todos dizem que arbitrar é fácil, mas afinal não é assim tanto. Adeptos e jornalistas é melhor morderem a língua antes de voltarem a dizer isso. Esta que vos escreve vai morder. É que, na quarta-feira, realizou-se no Hotel dos Templários, em Tomar, a 6.ª formação em arbitragem para jornalistas e comentadores, organizada pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, e a minha opinião mudou.

Sob as orientações de Vítor Pereira (presidente do CA da FPF), Antonino Silva (vice-presidente do CA da FPF), Nuno Castro (diretor do departamento de arbitragem da FPF), João Pina (diretor técnico da Academia de Arbitragem) e dos ex-árbitros Lucílio Baptista e João Ferreira, 37 jornalistas de 14 órgãos de comunicação trocaram a caneta, o papel e o microfone pelo apito.

Houve ainda os que foram mais longe e se equiparam para jogar e arbitrar uma partida entre duas equipas compostas por jornalistas e comentadores. Os restantes assistiram e comentaram o jogo de forma crítica, na presença de Vítor Pereira num registo a que estamos menos habituados a ver: sorridente e descontraído.



Depois disso, foi a vez de todos se porem à prova na parte teórica desta ação de formação. Primeiro com um teste escrito de 10 perguntas, com nível de dificuldade um, e depois com vídeos teste.

Os temas escolhidos foram os comportamentos violentos, a mão na bola e o fora de jogo. Lances tão habituais dentro das quatro linhas e que tantas dúvidas causam. Jornalistas e comentadores (e claro, os adeptos) recorrem muitas vezes às repetições, mas os árbitros não podem.



Na «pele» de um árbitro, com um comando na mão, em vez de um apito, tivemos de tomar decisões em poucos segundos. «Nada», «falta», «falta com cartão amarelo» ou «falta com cartão vermelho» eram as opções.

Nos lances de jogo violento não houve tantas dúvidas, ainda que muitas vezes se tenha igualado a percentagem dos que achavam que era lance para amarelo ou para vermelho.

Já nos lances de mão na bola ou «bola na mão» as dúvidas e as interrogações foram mais. Os jogadores jogam com os pés, mas têm braços e mãos. Há lances em que os comuns opinam que não foi intenção, mas os árbitros estão mais familiarizados com essas técnicas (até com as de enganar): por exemplo, levantar os braços acima dos ombros, depreende logo uma má intenção; cair ao chão e esticar os braços também.

No fora de jogo as opiniões divergiram, mais ainda porque as regras foram alteradas no início da época 2013/2014. Por exemplo, se o avançado estiver em posição de fora de jogo não se assinala de imediato. O assistente tem ordem para esperar e ver. Se num primeiro momento o tal avançado não se fizer à bola, e aparecer um companheiro em posição legal que toca na bola, dá-se início a uma nova jogada e o avançado que antes estava offside
já poderá intervir.

Por isso, antes de criticarem, podem tirar as dúvidas no sabermaisarbitragem.fpf.pt ou então consultar as Leis do Jogo
 da FIFA.

Mas sabemos que, às vezes, nem sabendo o manual de «cor e salteado» é fácil. Ao mesmo tempo que os jornalistas e comentadores foram avaliados, os árbitros profissionais também estiveram em formação e fizeram testes escritos. Desta vez,  Olegário Benquerença não teve nota positiva
. Mas, se isso servir de magro consolo aos homens do apito, sim, é verdade: houve jornalistas com notas abaixo de zero.

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