Kamila Valieva alega que chumbo em teste antidoping pode ser devido a medicação cardíaca do avô

15 fev 2022, 09:40

Aos 15 anos, tornou-se a primeira mulher a executar e a aterrar com sucesso um salto quádruplo. Falhou num teste antidoping antes dos Jogos Olímpicos de Inverno, o tribunal decidiu que pode competir, mas sem direito a medalhas. E a culpa pode ser de um copo

A defesa da patinadora russa Kamila Valieva alega que o teste antidoping positivo, que lhe tirou a oportunidade de receber uma medalha nos Jogos Olímpicos de Inverno, pode ter vindo de um copo de água contaminado com um medicamento do avô para o coração.

Em declarações após a conferência de imprensa diária em Pequim, o porta-voz do Comité Olímpico Internacional, Denis Oswald, confirmou que a justificação da jovem de 15 anos para ter testado positivo para o medicamento Trimetazidina - um fármaco proibido para a competição - tem por base uma "contaminação que aconteceu com um medicamento que o avô estava a tomar".

Também o jornal russo Pravda adiantou que a advogada da atleta, Anna Kozmenko, apresentou um argumento semelhante na audiência do tribunal de arbitragem do desporto, no domingo.

"Podem haver formas completamente diferentes de como o medicamento entrou no corpo", refere Kozmenko. "Por exemplo, o avô bebeu algo de um copo, a saliva ficou lá, e o copo ter sido usado mais tarde por um atleta. Ou o fármaco ter ficado em alguma superfície, deixando vestígios, e depois a atleta bebeu".

Kamila Valieva foi esta segunda-feira autorizada a competir na categoria de patinagem artística feminina nos Jogos Olímpicos de Inverno, apesar de ter falhado num teste antidoping.  A atleta de 15 anos, favorita à medalha de ouro, não vai ser suspensa provisoriamente antes de uma investigação completa, contudo, aconteça o que acontecer, Kamila não terá uma cerimónia de entrega de medalhas em Pequim, nem qualquer atleta que terminar entre os três primeiros com a patinadora russa.

A jovem atleta quebrou o silêncio esta terça-feira, afirmando que o escândalo do doping deixou-a em lágrimas e "emocionalmente exausta". "Estes dias têm sido muito difíceis para mim, a nível emocional. Estou feliz, mas emocionalmente exausta. É por isso que estas lágrimas são de alegria, mas também um bocadinho de tristeza. Mas, claro, estou feliz por participar nos Jogos Olímpicos. Farei o meu melhor para representar o nosso país", afirmou Kamila Valieva ao canal russo Channel One.

O comité confirmou que a atleta prestou declarações durante a audiência, na segunda-feira. "Assisti (à audiência) durante sete horas, tivemos uma pausa de 20 minutos, e sentei-me e assisti. Foi muito difícil, mas aparentemente é um daquelas fases que tenho de enfrentar", afirmou, acrescentando que o processo a ensinou que a vida adulta "pode ser muito injusta".

Entretanto, o Comité Olímpico Internacional confirmou que ainda não recebeu a decisão do tribunal arbitrário sobre o caso da jovem.

Kamila Valieva testou positivo para o medicamento Trimetazidina, a 25 de dezembro, no campeonato russo, mas o resultado de um laboratório sueco foi conhecido na semana passada. As razões para a espera de seis semanas por um resultado da Suécia não são claras, embora as autoridades russas tenham sugerido que foi em parte por causa de um aumento em janeiro de casos de covid-19, que afetou a equipa do laboratório.

Aos 15 anos, Kamila conseguiu o que nenhuma mulher alguma vez tinha conseguido e tornou-se a primeira mulher a executar e a aterrar com sucesso um salto quádruplo. 

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