Faiq Bolkiah: as dicas de Mourinho e a herança do príncipe do Marítimo

23 set 2020, 17:14
Faiq Bolkiah (instagram)

Jogador mais rico do mundo vai jogar na Madeira

Apresentado nesta quarta-feira pelo Marítimo, Faiq Bolkiah é mais conhecido pelo estatuto de jogador mais rico do mundo do que propriamente pelas virtudes futebolísticas, até porque nunca chegou a jogar pela equipa principal do Leicester, clube que representou nos últimos quatro anos.

A fama vem da herança de uma fortuna avaliada em 18 mil milhões de euros, mas o filho do Príncipe Jefri Bolkiah do Brunei, e sobrinho do Sultão Hassanal, continua empenhado em provar o valor em campo.

Faiq nasceu em Los Angeles (Estados Unidos), a 9 de maio de 1998. Por essa altura o pai tinha deixado o cargo de Ministro das Finanças do Brunei, via colapsar o grupo empresarial que controlava e enfrentava a suspeita de ter arruinado as reservas financeiras do sultanato em investimentos de luxo. Dos carros às mulheres, a extravagância de Jefri Bolkiah era debatida na imprensa internacional, até porque tinha surgido uma antiga miss Estados Unidos, Shannon Marketic, a acusar o príncipe e o sultão de a terem mantido no Brunei como escrava sexual, tal como a outras estrangeiras, alegadamente contratadas sob outros pretextos.

A imunidade diplomática encerrou o caso logo à partida, mas foi neste «turbilhão» mediático e legal da família que nasceu Faiq. Apesar da naturalidade californiana, o jogador cresceu em Inglaterra, a cerca de 100 quilómetros de Londres.

«Cresci em Inglaterra e jogo futebol desde muito novo. Sempre fui um rapaz muito desportivo», recordou em 2018, numa das raras entrevistas concedidas, no caso ao Progresif, uma página de uma empresa de comunicações do Brunei.

Faiq tinha dez anos quando começou a jogar futebol, no AFC Newbury, clube para o qual entrou com um primo, Ukasyah Wallace. Em 2009 mudaram-se ambos para o Southampton, e quatro anos depois para o Arsenal. Após uma época nos «gunners», Faiq mudou-se para o Chelsea, onde chegou a cruzar-se com José Mourinho.

«Quando jogávamos com a equipa principal por vezes ele dizia-me que eu estava mal posicional, e dizia-me como corrigir», explicou em tempos.

Aos 18 anos surge a mudança para o Leicester, com a perspetiva de atingir o patamar profissional, até porque alguns meses depois, em outubro de 2016, surgiu a estreia na seleção principal do Brunei.

«Sou o primeiro jogador do Brunei a atingir este nível. Sinto orgulho nisso, pois trabalhei muito desde novo. Foram necessárias muitas horas de trabalho. Também quero deixar a minha família orgulhosa, pois sempre me apoiaram. E quero sair-me bem pelo Brunei, meter o Brunei no mapa», afirmou posteriormente.

A fama cresceu, mas não propriamente por aquilo que era feito em campo. Apesar de manter um registo algo discreto, Faiq era falado sobretudo pela ligação familiar, ou por uma ou extravagância conhecida, como o vídeo em que apareceu a jogar futebol com um tigre que tinha como animal de estimação.

O final do contrato com o Leicester, neste verão, voltou a colocar Faiq nos jornais. O jogador mais risco no mundo estava no desemprego, até que o Marítimo decidiu abrir um corredor aéreo. O jovem médio ofensivo deixa Inglaterra na esperança de fazer títulos com os dotes futebolísticos.

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