"Vergonhoso, brutal, desumano": militares israelitas abrem fogo sobre palestinianos que esperavam camiões de ajuda humanitária, há pelo menos "104 mortos"

29 fev, 14:04
Veículos do exército israelita deslocam-se ao longo de uma estrada de terra na Faixa de Gaza, perto da fronteira com Israel, a 4 de janeiro (Getty Images)

O Hamas já reagiu ao incidente, ameaçando abandonar as negociações para a libertação de reféns. Mahmoud Abbas fala de "guerra genocida"

Pelo menos 104 pessoas morreram e 760 ficaram feridas num ataque das forças israelitas na zona ocidental de Gaza, segundo o Ministério da Saúde palestiniano. A mesma fonte adianta que os militares israelitas abriram fogo sobre civis palestinianos que se reuniam junto a camiões de ajuda alimentar.

Os civis estavam aglomerados junto a camiões de ajuda humanitária que tinham acabado de chegar e entretanto tanques e drones israelitas começaram a disparar contra as pessoas. Um oficial israelita disse à CNN internacional que as tropas usaram fogo real contra as pessoas que cercavam o camião: "A multidão aproximava-se das forças de uma maneira que representava uma ameaça às tropas, que responderam à ameaça com fogo real - o incidente está sob investigação".

Os camiões de ajuda humanitária tentaram escapar da área, atropelando acidentalmente outros e causando mais mortes e feridos, acrescentaram testemunhas citadas pela CNN internacional. Também de acordo com fontes da CNN internacional, pelo menos 40 corpos chegaram ao Hospital de Al Shifa e 10 chegaram ao Hospital Kamal Adwan. Também o Hospital Al Awda, em Jabalya, confirmou a chegada de três cadáveres.

Muitos corpos e pessoas feridas ainda estão nas ruas. Há escombros a bloquear o caminho das ambulâncias.

Hamas ameaça abandonar negociações sobre reféns

Em reação ao sucedido, o Hamas admite deixar de participar nas negociações para a libertação de reféns. “As negociações conduzidas pela liderança do movimento não são um processo aberto à custa do sangue do nosso povo.”

O presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, condenou o que descreveu como “o massacre horrível conduzido pelo exército de ocupação israelita”. “O assassínio deste grande número de vítimas civis inocentes que arriscaram a sua subsistência é considerado parte integrante da guerra genocida cometida pelo governo de ocupação contra o nosso povo. Israelitas e as autoridades de ocupação israelitas têm de assumir total responsabilidade e serão responsabilizadas por isso perante os tribunais internacionais”, pode ler-se no comunicado emitido pelo gabinete de Mahmous Abbas, de acordo com a agência noticiosa palestiniana Wafa.

O ataque já foi condenado pelo Egito e pela Jordânia, que falam de “crime vergonhoso” e “ataque brutal”.

“Condenamos os ataques brutais das forças de ocupação israelitas contra a concentração de palestinianos que aguardavam ajuda na rotunda de Nabulsi, perto da rua Al-Rashid, em Gaza”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores da Jordânia em comunicado.

“Consideramos que ter como alvo cidadãos pacíficos que correm para receber a sua parte da ajuda é um crime vergonhoso e uma violação flagrante do direito internacional”, escreveu por sua vez o Egito, condenando o “ataque desumano de Israel” ao que descreveu como “palestinos desarmados”.

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