Lateral-esquerdo do Nantes confessa «estranheza» por ter que defrontar equipa portuguesa Vai ser um dos principais protagonistas da eliminatória entre F.C. Porto e Nantes. Mário Silva gostaria de defrontar o F.C. Porto só na final, para «não contribuir para a eliminação de uma equipa portuguesa» tão cedo. O lateral-esquerdo já deu informações aos seus colegas e considera que tudo está em aberto
Mário Silva será um dos grandes protagonistas da eliminatória entre F.C. Porto e Nantes. O ex-jogador do Boavista é o futebolista do Nantes mais conhecido dos portugueses. Em conversa com o Maisfutebol, poucos minutos depois do sorteio de Nyon, o lateral-esquerdo não escondeu um sentimento contraditório: «Foi bom ter saído uma equipa portuguesa, mas preferia que este encontro só tivesse acontecido na final. Assim, vai-me custar um bocadinho defrontar um conjunto português, ainda por cima da minha cidade. Se o Nantes passar, por um lado vou ficar um bocadinho triste, porque terei contribuído para a eliminação de uma equipa portuguesa».
Identificado o paradoxo, Mário Silva confessa a sua simpatia pelo F.C. Porto: «É um clube da minha cidade, conheço muita gente que joga no Porto. Por um lado vai ser bom regressar à minha cidade, poder reencontrar pessoas conhecidas».
Se jogar com o F.C. Porto vai custar um bocadinho, actuar com o seu Boavista já seria... cruel: «Se fosse o Boavista, seria ainda mais complicado para mim, porque ficaria triste se contribuísse para a eliminação da equipa onde nasci e cresci. Toda a gente sabe que o clube do meu coração é o Boavista. Quando estavam em prova, pensei nessa hipótese e confesso que não gostava de ter de os defrontar».
Mário Silva tem sido presença habitual nos jogos do Nantes. O adversário do conjunto portista está a fazer uma boa época e pode, ainda esta noite, voltar à liderança do campeonato francês: «Jogamos esta noite em Bastia e se vencermos voltamos ao primeiro lugar do campeonato. Estamos a fazer uma boa prova, se bem que com alguns altos e baixos. Começámos muito bem, tivemos uma fase menos boa, mas estamos outra vez a recuperar. Estávamos em primeiro, perdemos o último jogo em Marselha por 2-0, mas se vencermos esta noite o Bastia retomamos a liderança».
As ambições da equipa francesa fazem com que esteja envolvida em várias prova. Um facto que provoca desgaste ao longo da época: «Aqui em França jogam-se quase sempre duas jornadas por semana: domingo, quarta, sábado, quase nunca se pára. Por isso, já vamos na segunda volta do campeonato... O Nantes está envolvido em quatro frentes: campeonato, Taça UEFA, Taça da Liga e Taça de França. São muitos compromissos e é muito desgastante, mas o nosso plantel tem soluções para responder a todas as solicitações».
Ainda assim, Mário Silva não tem dúvidas em identificar a grande meta do Nantes para esta época: «A nossa prioridade é o campeonato, queremos ser campeões de França. Mas claro que vamos tentar chegar o mais longe possível na Taça UEFA».
O homem que sabe tudo sobre o adversário
O nome do F.C. Porto é respeitado em França. Desenganem-se, pois, o que estão à espera de uma atitude arrogante dos franceses: «Os jogadores do Nantes conhecem bem o valor do F.C. Porto, sabem perfeitamente que é uma equipa forte, que tem sido presença regular da Liga dos Campeões nos últimos anos», salienta Mário Silva.
O facto de Mário Silva ser português foi, rapidamente, motivo para que os seus colegas lhe perguntassem tudo sobre o F.C. Porto: «Sim, perguntaram-me coisas sobre o Porto. Estávamos a almoçar, quando o presidente entrou na sala e nos disse que tinha saído a equipa portuguesa. Começaram a rir-se para mim, porque sabiam que, ainda por cima, era um clube da minha cidade».
Os quatro adversários possíveis do Nantes eram o F.C. Porto, o Barcelona, a Roma e o Celta de Vigo: «Não havia preferência», garante o lateral-esquerdo português. «Alguns falavam no Barcelona, porque é um clube forte e com muita tradição europeia. Mas todos tinham a ideia que, saísse quem saísse, seria sempre um adversário complicado», assegura Mário Silva.
Para o jogador, actuar primeiro nas Antas pode constitui uma vantagem para a formação gaulesa: «Jogar primeiro fora acaba por ser bom para nós, porque o Nantes costuma fazer bons resultados nos jogos fora. Mas é muito subjectivo estar a considerar que é melhor ou pior jogar primeiro em casa ou fora».
