«Pedimos ao Governo chinês provas do bem-estar de Peng Shuai»

24 nov 2021, 17:36
Peng Shuai

União Europeia diz ser legítimo pedir informações fiáveis sobre o paradeiro da tenista. Quer, por isso, «provas independentes e verificáveis»

A União Europeia (UE) pediu à China que exiba «provas independentes e verificáveis» do bem-estar e do paradeiro da tenista Peng Shuai, incerto desde o início de novembro depois de a atleta de 35 anos ter acusado de abuso sexual, com uma revelação através das redes sociais, o antigo vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli.

Em resposta ao apelo da China, na terça-feira, para que o caso não seja politizado, a porta-voz diplomática da UE, Nabila Massrali, defendeu que os «pedidos de informação fiável são legítimos».

«Continuamos a pedir ao Governo chinês que forneça provas independentes e verificáveis do seu bem-estar e do seu paradeiro. Esperamos que ela possa em breve retomar as suas atividades desportivas e não desportivas normais», acrescentou.

A UE quer uma «investigação completa e transparente» às alegações de abuso sexual que Peng Shuai denunciou, encarando como preocupante o facto de a atleta não ter sido vista por 15 dias. «Vimos as declarações atribuídas a Peng Shuai e as imagens da sua aparição pública. Contudo, a informação sobre as alegações de abuso e o facto de ela não ter sido vista durante 15 dias continuam a ser muito preocupantes», notou Massrali, na mensagem à agência noticiosa France-Presse (AFP).

Peng Shuai publicou uma mensagem na rede social chinesa Weibo, no início de novembro, sobre a sua relação com Zhang Gaoli, de 75 anos, acusando o alto quadro do Partido Comunista Chinês, que se reformou em 2018, de a ter forçado a ter relações sexuais há três anos. O texto foi retirado pouco depois de ser publicado e a tenista deixou de ser vista.

O caso em torno de Peng Shuai motivou uma onda de reações a nível mundial, desde a tenista Naomi Osaka até à ONU, que pediu explicações sobre o desaparecimento da jogadora de ténis. Também vários países ocidentais, como França, Estados Unidos e Reino Unido, pediram a Pequim para esclarecer a situação.

Até terça-feira, apesar de questionado quase que diariamente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China recusara comentar o assunto, afirmando que não se tratava de uma questão diplomática.

Peng Shuai apareceu no domingo, durante uma videoconferência com o presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, a garantir que está bem. Também no fim-de-semana, vários jornalistas chineses de órgãos de comunicação social controlados pelo Governo difundiram imagens de Peng Shuai a assinar bolas de ténis e a posar para as câmaras durante um evento desportivo e ainda num restaurante. Porém, a data das imagens não foi esclarecedora para se perceber onde Peng Shuai está e se está em liberdade.

Na terça-feira, o representante da UE em Pequim, Nicolas Chapuis, lamentou «o muro de silêncio observado no lado chinês».

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