Antigo médico da Argentina recorda: «Sabia que Maradona ia testar positivo»

25 jun, 23:40
Mundial 86: campeón, campeón (foto Atlântico Press/Picture Alliance/DPA)

Cumprem-se 30 anos, nesta terça-feira, desde o polémico teste antidoping ao astro argentino

Ernesto Ugalde, antigo médico da seleção argentina que integrava a comitiva durante o Mundial 1994, deu uma entrevista à comunicação social pela primeira vez em 30 anos. Esteve afastado dos holofotes, mas agora que se cumprem três décadas do teste positivo de Diego Maradona ao doping, voltou a falar.

Numa longa conversa emitida pela argentina Radio Ciudad, o médico disse que o resultado não o surpreendeu, assim que alguém lhe tinha contado que havia um teste doping positivo. «Não tive dúvidas de que era o Maradona», afirmou.

Ugalde, de 69 anos, diz ter avisado Basile, treinador da seleção à época, bem como a restante equipa técnica, de que isto poderia acontecer, antes do Mundial. «Avisei-os de que um grande problema estava para vir e que tínhamos de o prever. Tinha de ser previsto porque eu sabia o que ia acontecer. Havia algo de errado, era totalmente previsível o que ia acontecer. E, infelizmente, aconteceu», começa por recordar.

«Eu queria fazer um controlo preventivo, de surpresa. Já o tínhamos feito com o Dr. Madero antes do Campeonato do Mundo em Itália [1990]. Fizemos dois check-ups e ficámos surpreendidos. Porquê? Porque apareceram pequenas coisas, nada de grave, mas de alguma substância que não conhecíamos, e pusemos mais ênfase na prevenção», no entanto, Ugalde diz que foi usado um novo tipo de controlo preventivo nos EUA que o surpreendeu.

 

Depois, o médico recordou o fatídico dia em que Diego Maradona testou positivo antes do Argentina-Nigéria, da fase de grupos do Mundial de 1994. Disse que Julio Grondona, presidente da federação argentina de futebol, levou uma mão à cabeça ao aperceber-se dos resultados. 

«Como é que eu sabia que era o Maradona, e não outro jogador, no positivo? Eu sabia que só podia ser o Maradona, se ele fizesse o teste de drogas. O Vázquez [Sergio] também foi ao controlo, mas eu não tinha nenhuma presunção de que o positivo fosse o Vázquez. Não tinha dúvidas de que Maradona ia dar positivo», admitiu Ugalde.

O médico afastou-se do futebol depois desta competição e voltou à prática em consultórios. Diz ter usado como bode expiatório depois do teste positivo, e especialmente depois de ter dito publicamente que Maradona se «automedicou». 

«Passeava pela cidade de Buenos Aires e gritavam-me dos autocarros. Foi feio. Esse foi também um dos fatores decisivos que me fez dizer 'não estou interessado neste mundo do espetáculo, não estou interessado'. E não digo mundo do espetáculo de uma forma depreciativa», conclui Ernesto Ugalde. 

 

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