Quem é o pequeno gigante que se estreou na baliza do Milan aos 16 anos?

29 out 2015, 10:15
Gianluigi Donnarumma (Lusa)

A história de Gianluigi Donnarumma, miúdo de 197 centímetros que nasceu para ir à baliza: e particularmente para a baliza do Milan, que o roubou ao rival Inter Milão

Gianluigi Donnarumma era um nome pouco menos do que desconhecido até ao último fim-de-semana: em dois dias, tornou-se no fenómeno mais recente do futebol mundial.
 
Mas quem é afinal o pequeno gigante que se estreou na baliza do Milan aos 16 anos?
 
Natural de Castellammare di Stabia, uma localidade da região de Nápoles, na zona pobre do sul do país, Donnarumma tornou-se guarda-redes por causa do tio: chamava-se Ernesto e era treinador de guarda-redes no modesto Castellammare.
 
Foi o tio quem olhou para Gianluigi e disse que aquela criança haveria de ser guarda-redes. Quando o pequeno completou quatro anos, pegou-o pela mão e levou-o para as escolinhas do Castellamare. Para a família Donnarumma não foi nada de novo: já tinha feito o mesmo com Antonio, o irmão que é nove anos mais velho do que Gianluigi.
 
Para Gianluigi também não era nada de novo, já estava habituado a ir para a baliza quando o tio Ernesto o treinava em casa. Ser guarda-redes para ele era uma coisa natural.
 
Na rua com os amigos, na escola com os colegas ou no clube, nunca conheceu outra posição no terreno de jogo. Foi sempre guarda-redes: e já lá vão mais de doze anos.
 
O tio Ernesto faleceu pouco depois, quando o jovem tinha apenas seis anos, mas não se engara na premonição: Gianluigi tinha mesmo características para ser um guarda-redes de eleição. Fisicamente forte, seguro e frio entre os postes, chamou muito cedo a atenção dos responsáveis da federação italiana.

Por isso, e apesar de representar o modesto Castellammare, começou a ser chamado às seleções nacionais a partir dos 14 anos. Foi sub-15, sub-16 e atualmente é sub-17. Ainda em maio, por exemplo, estava na Bulgária a disputar a fase de apuramento para o Europeu.


 
Ora a partir do momento em que foi chamado à seleção nacional, Gianluigi Donnarumma ficou de imediato sob a mira dos grandes clubes de Itália. O Inter Milão foi o primeiro a dar um passo e teve praticamente tudo certo para garantir a contratação do miúdo.
 
Gianluigi foi fazer um período de testes a Milão, agradou e acertou os termos da transferência. No último momento, porém, apareceu o Milan: falou com o presidente do Castellammare e garantiu a ultrapassagem ao rival de Milão na aquisição do menino.
 
Foi apenas há dois anos, quando Donnarumma ainda só tinha 14 anos, e deixou o jovem guarda-redes eufórico.
 
«O Milan é a equipa do meu coração. Sou adepto do clube e o meu sonho sempre foi vestir estas cores», referiu mais tarde.
 
Um sonho ao qual não é alheio o facto do irmão Antonio ter representado também o clube rossoneri: o tio Ernesto levara-o o também para as escolas de Castellammare, dali transferira-se para o Milan e cumprira toda a formação no clube milanês.
 
Ginaluigi estava agora a seguir-lhe as pisadas, mas o futuro haveria de mostrar que a história dos dois irmãos seria diferente: Antonio nunca chegou aos seniores, sendo dispensado para Piacenza, Gubbio, Bari e Génova, onde agora é o quarto guarda-redes.


 
Já Gianluigi, e apenas em dois anos, garantiu a estreia na equipa principal.
 
Aconteceu no último fim-de-semana, quando o jovem guarda-redes mereceu a confiança do treinador Sinisa Mihajlovic, que lhe concedeu a titularidade em detrimento do mediático Diego Lopez.
 
No final da época passada, de resto, Gianluigi Donnarumma já tinha estado no banco, na receção ao Cesena. Não chegou a entrar, mas encheu-se na mesma de felicidade.
 
«Mamma mia, que emoção. Naquele espaço de tempo enquanto saía do túnel e ia para o banco, revivi todo o meu sonho de infância», confessaria depois.
 
No último fim-de-semana, ao estrear-se com apenas 16 anos e oito meses, tornou-se o segundo jogador mais jovem de sempre a vestir a camisola do Milan. Só o histórico Paolo Maldini fez melhor: estreou-se aos 16 anos e seis meses.
 
Pelo caminho ultrapassou nomes históricos da baliza italiana como Buffon e Peruzzi.
 
O que é curioso para um jovem que há poucos meses ainda estudava, no quarto ano de contabilidade, que continua a viver na academia do Milan, ao lado de outros miúdos como ele, e que não conduz porque não tem idade para isso.
 
Nesta altura, portanto, o jovem guarda-redes de 16 anos, e impressionantes 1,97 metros, já concretizou um sonho. Falta atingir o outro, assumir o legado do ídolo Gianluigi Buffon na baliza da seleção italiana: tem a vida toda para o fazer.

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