Ucrânia: Zelensky diz ter recebido "alguns sinais" nas negociações com Rússia

Andreia Miranda , com Lusa
1 mar 2022, 07:01
Volodymyr Zelensky (Créditos: Getty Images)

Delegações ucraniana e russa terminaram na segunda-feira as primeiras conversações, realizadas na Bielorrússia, e admitiram um novo encontro "em breve"

O presidente da Ucrânia disse hoje ter recebido "alguns sinais" da Rússia, nas negociações entre representantes dos dois países, mas ainda não o resultado pretendido.

"A Rússia expressou as suas exigências e nós as nossas exigências para acabar com a guerra. Recebemos alguns sinais. Quando a delegação retornar a Kiev, analisaremos o que ouvimos e depois decidiremos como passar para a segunda ronda", disse Volodymyr Zelensky.

O chefe de Estado ucraniano sublinhou que, apesar do apelo de Kiev para um cessar-fogo imediato, as hostilidades na Ucrânia não cessaram, enquanto os negociadores se encontravam na fronteira ucraniana-bielorrussa.

"Acho que a Rússia quer pressionar com esse método pouco astuto, mas não vale a pena perder tempo, essa tática não funciona connosco", avisou.

As delegações ucraniana e russa terminaram na segunda-feira as primeiras conversações, realizadas na Bielorrússia, e admitiram um novo encontro "em breve".

"As partes estabeleceram uma série de prioridades e questões que requerem determinadas decisões" antes de uma segunda ronda de conversações, disse um dos negociadores ucranianos Mikhail Podoliak, citado pela agência de notícias France Presse.

Do lado russo, Vladimir Medinsky disse que o novo encontro terá lugar "em breve" na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia.

As duas partes chegaram a acordo para este encontro na Bielorrússia por mediação do presidente deste país vizinho e aliado de Moscovo, Alexander Lukashenko.

Poucos avanços em direção a Kiev nas últimas 24 horas

Os Serviços Secretos Britânicos fizeram, esta manhã, uma atualização sobre o avanço das forças russas em Kiev nas últimas 24 horas. De acordo com a atualização, citada pela Reuters, as forças russas fizeram poucos progressos. No entanto, houve um aumento do uso de artilharia a norte da capital da Ucrânia.

"O avanço russo em Kiev teve pouco progresso nas últimas 24 horas provavelmente como consequência das contínuas dificuldades logísticas", afirmou o Ministério da Defesa britânico, acrescentando que "as forças russas aumentaram o uso de artilharia a norte de Kiev e nas proximidades de Kharkiv e Chernihiv. O uso de artilharia pesada em áreas urbanas densamente povoadas aumenta muito o risco de baixas civis."

Os Serviços Secretos Britânicos revelam ainda que a Rússia não conseguiu ganhar o controlo do espaço aéreo sobre a Ucrânia, optando por operações noturnas para reduzir as perdas.

“A Rússia não conseguiu obter o controlo do espaço aéreo sobre a Ucrânia, o que levou a uma mudança para operações noturnas na tentativa de reduzir as suas perdas”, afirmou a mesma fonte.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.

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