Ucrânia confirma: Estados Unidos fornecem coordenadas dos alvos russos a atingir pelos HIMARS

10 fev 2023, 18:28
Lançadores de foguetes HIMARS (AP Photo)

Washington D.C. afirma que o seu papel é meramente consultivo e que é Kiev quem escolhe os alvos

A campanha ucraniana de lançamento de foguetes durante a guerra contra a Rússia está bastante dependente do trabalho dos Estados Unidos, revelam oficiais ucranianos e um americano ao The Washington Post.

De acordo com um dos membros das forças de Kiev, que falou sob anonimato, as tropas ucranianas quase não disparam as armas fornecidas por Washington D.C, como os sistemas HIMARS e os M270, sem que lhes sejam fornecidas coordenadas dos alvos por parte de pessoal militar americano espalhado um pouco por toda a Europa.

Este processo, dizem os altos funcionários ao serviço de Volodymyr Zelensky, dá mais confiança aos Estados Unidos para fornecerem armas de longo alcance à Ucrânia.

Ao longo dos últimos dias, refere o jornal americano, o Pentágono recusou confirmar se os Estados Unidos forneciam as coordenadas dos alvos a atingir, limitando-se a afirmar que é a Ucrânia quem escolhe os alvos. “Os ucranianos são responsáveis por encontrar alvos, priorizá-los e, em última instância, decidir quais os que devem ser atingidos. Os Estados Unidos não aprovam alvos, nem estão envolvidos na sua seleção ou engajamento”, disse o brigadeiro-general Patrick Ryder, porta-voz do Pentágono, em comunicado.

Uma das fontes ouvidas pelo The Washington Post explicou o processo: os militares ucranianos identificam um alvo que querem abater e a sua localização e passam a informação aos seus superiores. De seguida, esta é transmitida aos Estados Unidos, para que as tropas americanas forneçam coordenadas mais precisas.

Tanto a Ucrânia como os Estados Unidos não querem desperdiçar munições que consideram essenciais no campo de batalha. Um oficial do governo americano afirmou ao jornal que é precisamente para assegurar a precisão e conservar os stocks que os ucranianos recorrem à ajuda americana. No entanto, refere que o papel dos Estados Unidos é meramente consultivo, mencionando que a Ucrânia ataca outros alvos com outras armas sem necessitar de ajuda.

Pentágono quer recomeçar programas secretos que desenvolveu na Ucrânia

A Defesa norte-americana quer recuperar os programas secretos que suspendeu antes da invasão russa da Ucrânia, escreve o The Washington Post, citando antigos e atuais funcionários do governo.

A retoma destes programas, dizem as fontes, permitiria às tropas de operações especiais dos Estados Unidos recrutar operacionais ucranianos para observar as movimentações militares da Rússia e combater a desinformação difundida por Moscovo, sendo que é ainda pouco claro se os comandos americanos vão ser autorizados a entrar em território ucraniano.

Contudo, uma decisão do Congresso sobre esta matéria só deverá acontecer no outono, quando é discutido o financiamento do Pentágono para 2024.

Os defensores desta proposta alegam que o baixo custo destes programas compensa face aos milhares de milhões de dólares gastos na ajuda à Ucrânia. No entanto, os opositores alegam que a medida vai aproximar os Estados Unidos de um envolvimento mais direto no conflito contra a Rússia.

Esta prática, da contratação de “delegados” para operações especiais, já foi usada pelos Estados Unidos na Ásia e em África na luta contra a Al-Qaeda, o Estado Islâmico e outros grupos terroristas. A contratação de pessoal estrangeiro é, nesse caso, legal, uma vez que Washington D.C. estava em guerra aberta contra esses grupos. Os programas mais recentes, contudo, são percecionados como ilegais, uma vez que os alvos, a Rússia e a China, não são adversários, mas sim competidores dos Estados Unidos.

A Casa Branca e o Pentágono, bem como os porta-vozes do Senado e da Câmara dos Representantes, recusaram comentar este caso ao The Washington Post.

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