Ministro da Defesa ucraniano diz que há até 500 mil militares russos mobilizados, mas avisa que os ucranianos vão "estabilizar a frente de batalha e preparar-se para uma contra-ofensiva" antes do possível avanço russo, até porque as forças ucranianas "não podem perder a iniciativa" que alcançaram nos últimos meses
A Rússia está a planear uma nova ofensiva para assinalar o primeiro aniversário da guerra na Ucrânia, garante o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, em entrevista à BFMTV. Os comentários de Reznikov surgem depois dos serviços secretos ucranianos terem alegado que Putin ordenou às suas forças militares que capturassem Donbass antes do final da primavera.
O ministro da Defesa ucraniano viajou para França para fazer um acordo para a aquisição de radares de defesa aérea MG-200 que, segundo Reznikov, "aumentariam significativamente a capacidade das forças armadas para detetar alvos aéreos, incluindo mísseis balísticos e drones de vários tipos".
Segundo Reznikov, nas fronteiras estarão a postos até 500 mil militares russos, que terão começado a ser mobilizados em setembro, na mobilização parcial que levou milhares de cidadãos a fugirem da Rússia para não participarem na guerra na Ucrânia.
"Não subestimamos o nosso inimigo. Oficialmente, anunciaram 300.000, mas quando vemos as tropas nas fronteiras, de acordo com as nossas avaliações, são muitos mais", afirmou, acrescentando que ofensiva russa será concentrada em duas áreas, o este e o sul do país.
No entanto, o ministro da Defesa garantiu que os comandantes da Ucrânia vão "estabilizar a frente de batalha e preparar-se para uma contra-ofensiva" antes do possível avanço russo, até porque as forças ucranianas "não podem perder a iniciativa" que alcançaram nos últimos meses.
"Tenho fé que o ano 2023 pode ser o ano da vitória militar", afirmou.
Na quarta-feira, na comunicação diária feita ao país, o presidente ucraniano assinalou também que as forças russas estão a tentar conseguir vitórias que poderiam mostrar no aniversário da invasão.
"Registou-se um aumento significativo nas operações ofensivas dos ocupantes na frente de batalha no leste do nosso país. A situação tornou-se mais dura", afirmou Zelensky.
Na noite de quarta-feira, as forças armadas russas bombardearam a cidade de Kramatorsk, na região de Donetsk, atingindo um edifício residencial. Pelo menos três pessoas morreram no ataque e 18 ficaram feridas, de acordo com dados dos serviços de emergência do Estado.
"As tropas russas atingiram uma área residencial da cidade com um míssil Iskander-K. Pelo menos oito edifícios de apartamentos foram danificados, um deles ficou completamente destruído", revelou a polícia.
Recorde-se que a cidade da Kramatorsk fica na retaguarda da linha de combate, a cerca de 30 quilómetros de Bakhmut, onde as tropas russas tentam avançar, juntamente com o grupo de mercenários Wagner.