Mísseis russos atravessaram a Moldova e Roménia? O que se sabe até agora

10 fev 2023, 12:36
Lançamento de míssil Kalibr russo (Foto: Ministério da Defesa da Rússia via AP)

A Força Aérea ucraniana garante que dois mísseis lançados do Mar Negro violaram esta sexta-feira o espaço aéreo da Moldova e da Roménia. Moldavos confirmam mas os romenos - membros da NATO - garantem que o míssil russo passou a 35 quilómetros da fronteira. Governo da Moldova caiu depois de mais uma crise provocada pela agressão russa à vizinha Ucrânia

A Rússia lançou, esta sexta-feira, um novo "ataque maciço" com mísseis e drones a infraestruturas críticas ucranianas, um dia depois de o presidente ucraniano ter regressado ao país após visitas ao Reino Unido, França, Bélgica e Polónia, pedindo apoio e armamento aos parceiros internacionais.

Kiev já veio denunciar a ofensiva, que teve como principais alvos as regiões de Kharkiv e Zaporizhzhia, e fonte militar adiantou mesmo que dois dos mísseis disparados contra a Ucrânia tinham atravessado o espaço aéreo das vizinhas Moldova e Roménia. 

Alguns meios de comunicação social ucranianos citaram mesmo fonte da Força Aérea nacional, que explicou que não abateu estes mísseis - mas podia ter abatido - para evitar colocar em perigo os civis de países estrangeiros.

A Moldova não demorou a confirmar esta informação, convocando mesmo o embaixador russo para dar explicações sobre o incidente. Num comunicado, citado pela agência Reuters, o Ministério da Defesa da Moldova acrescentou mais detalhes sobre a violação do seu espaço aéreo - sem, no entanto, referir que se tratava de mísseis russos. 

"Às 10:18, um míssil atravessou o espaço aéreo da República da Moldova, sobre a cidade de Mocra na região da Transnistría e, mais tarde, sobre a cidade de Cosauti no distrito de Soroca, na direção da Ucrânia. O Ministério da Defesa, com as autoridades responsáveis no país, está a monitorizar cuidadosamente a situação na região e condena fortemente a violação do espaço aéreo da República da Moldova", lia-se na declaração. 

Roménia diz que míssil passou a 35 quilómetros da fronteira

A primeira reação da Roménia, que é membro da NATO, foi vaga: fonte do Ministério da Defesa dizia apenas que a informação da violação do seu espaço aéreo pelos russos não estava confirmada. Mais tarde, o mesmo ministério desmentiu aquilo que tinha sido dado como certo pelos ucranianos: confirmando que mísseis tinham passado, efetivamente, pelo espaço aéreo da Moldova, Bucareste desmentia ter sido afetada. 

"O sistema de vigilância da Força Aérea romena detetou na sexta-feira um alvo aéreo, provavelmente um míssil de cruzeiro lançado de um navio russo no Mar Negro próximo da península da Crimeia", informava um novo comunicado. "O ponto mais próximo de aproximação da trajetória do alvo do espaço aéreo do Roménia foi registado por radar a cerca de 35 quilómetros a nordeste da fronteira". 

Fonte militar ucraniana, porém, defendera antes que dois mísseis Kalibr disparados do Mar Negro tinham entrado no espaço aéreo moldavo, entrando depois no espaço aéreo romeno, antes de chegarem a território ucraniano. 

O primeiro-ministro ucraniano revelou entretanto que foram disparados esta sexta-feira, pelos russos, pelo menos 50 mísseis contra a Ucrânia. Ao final da manhã, as sirenes que alertam para ataques aéreos já tinham tocado pelo menos duas vezes em todo o território ucraniano.

Governo moldavo cai

Coincidência ou não, o governo moldavo caiu também esta sexta-feira, depois de ter confirmado a invasão do seu espaço aéreo pelos russos. Em conferência de imprensa, citada pela AP, a primeira-ministra Natalia Gavrilita anunciou que tinha "chegado a hora" da demissão, acrescentando que, quando o seu executivo entrou em funções, ninguém esperava "ter de gerir tantas crises causadas pela agressão russa na Ucrânia".

Gavrilita estava no poder há 18 meses. 

"Acredito no povo moldavo. Acredito na Moldova", disse. "Acredito que vamos conseguiur ultrapassar todas as dificuldades e desafios", sublinhou a primeira-ministra demissionária.

Nos últimos meses, a Moldova tem sofrido cortes de energia devido aos ataques russos à Ucrânia, enfrentando igualmente uma inflação crescente que motivou protestos nas ruas - alegadamente incentivados por Moscovo, que procurou desestabilizar o governo moldavo.

Gavrilita assumiu a liderança do executivo em agosto de 2021, depois de o seu partido pró-europeu ter conseguido uma maioria no parlamento com a promessa de limpar o país da corrupção.

A presidente da Moldávia, Maia Sandu, já aceitou a demissão do governo e revelou que irá iniciar consultas com os partidos com assento parlamentar com vista à nomeação de um novo primeiro-ministro.
 

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