Perante o Conselho de Segurança, Zelensky critica as Nações Unidas e pede a expulsão da Rússia. "O veto nas mãos do agressor foi o que levou a ONU a um impasse"

20 set 2023, 18:16

"Os soldados ucranianos estão agora a fazer com o seu sangue o que o Conselho de Segurança das Nações Unidas deveria fazer com os seus votos: impedir a agressão e defender os princípios da Carta das Nações Unidas", disse o presidente ucraniano, numa das frases mais fortes da sua intervenção

Em novo discurso nas Nações Unidas, desta vez perante o Conselho de Segurança, do qual o seu país não faz parte, o presidente ucraniano voltou a criticar a ONU, principalmente o órgão ao qual se dirigia.

"Temos de o admitir: a organização está num beco sem saída no que diz respeito à agressão. A Humanidade já não deposita as suas esperanças na ONU quando se trata de proteger as fronteiras soberanas das nações. Mas eu não estaria aqui hoje se a Ucrânia não tivesse propostas de solução", disse Zelensky.

"Todos no mundo podem ver o que torna a ONU ineficaz. Neste lugar do Conselho de Segurança, que a Rússia ocupa ilegalmente através de manipulações de bastidores após o colapso da União Soviética, há mentirosos cujo trabalho é justificar a agressão e o genocídio da Rússia", atirou o presidente ucraniano, que pediu uma reforma do direito de veto.

"O veto nas mãos do agressor foi o que levou a ONU a um impasse. Independentemente de quem sejamos, o atual sistema da ONU torna-nos inferiores ao veto, que é detido por apenas alguns e utilizado por um, a Rússia, em detrimento de todos os outros membros da ONU. Os muitos anos de conversações e projetos sobre a reforma da ONU devem tornar-se num processo de reforma da ONU. O que precisa de ser reformado é o uso do veto, e esta pode ser a reforma fundamental. Aquela que restaura o poder da Carta das Nações Unidas. O veto não deve servir de arma para aqueles que estão obcecados pelo ódio e pela guerra", defendeu o líder ucraniano.

Volodymyr Zelensky pediu também o alargamento do Conselho de Segurança, para incluir a União Africana, a América Latina, os Estados do Pacífico e a Alemanha, entre outros Estados asiáticos.

O presidente ucraniano sugeriu também a criação de um sistema de prevenção de agressões. “Quem quiser iniciar uma guerra tem de ver, antes de cometer um erro fatal, o que perderá se o fizer. A questão das sanções preventivas deve ser levada automaticamente ao Conselho de Segurança da ONU sempre que qualquer membro da Assembleia Geral declare uma ameaça de agressão."

"Os soldados ucranianos estão agora a fazer com o seu sangue o que o Conselho de Segurança das Nações Unidas deveria fazer com os seus votos: impedir a agressão e defender os princípios da Carta das Nações Unidas", lamentou o presidente ucraniano, numa das frases mais fortes da sua intervenção, que concluiu com duas propostas para o fim pacífico do conflito.

"Primeiro: a retirada total de todas as tropas e formações militares russas, incluindo a Frota Russa do Mar Negro ou o que quer que tenha restado dela durante a guerra, e a retirada de todos os mercenários russos e formações quase militares de todo o território soberano da Ucrânia dentro das nossas fronteiras internacionalmente reconhecidas de 1991", indicou o presidente ucraniano. "Segundo: a devolução total à Ucrânia do controlo efetivo de todo o nosso território e da zona económica exclusiva nos mares Negro e de Azov, bem como do estreito de Kerch. Só o cumprimento destes dois pontos resultará numa cessação justa, credível e completa das hostilidades."

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