Aeronave em questão está inscrita no Registo Aeronáutico Nacional, sendo que a empresa detentora do jato é a Vinstra Ltd., que tem sede em Tortola, nas Ilhas Virgens
Um oligarca alugou um jato de matrícula portuguesa para se deslocar do Dubai para Hanói em plena guerra e com várias sanções em curso ao regime russo. Isso mesmo foi relatado por Rui Pinto, fundador do website Football Leaks, que dá conta de que Alexander Mikheev, diretor-geral da Rosoboronexport, se fez acompanhar de Alexander Shcherbinin, vice-presidente da empresa de helicópteros JSC. Tudo isto a meio da invasão russa à Ucrânia, que está a resultar em várias sanções que afetam largamente a economia russa, bem como os seus principais beneficiários.
Além de ser o homem-forte da empresa de armamento, Alexander Mikheev é também suspeito de tráfico de armas e utilizou o jato CS-DHZ para ir para o sudeste da Ásia. As matrículas de aeronaves que comecem em CS são todas registadas em Portugal, mas aquela matrícula específica não aparece em nenhum dos registos disponíveis na Internet.
Russian oligarch Alexander Mikheev, alleged arms dealer and director general of Rosoboronexport, flew today on Portuguese private jet CS-DHZ (Bombardier Global 6000) from Dubai to Hanoi, Vietnam. He was accompanied by Russian Helicopters JSC Deputy CEO Alexander Shcherbinin. pic.twitter.com/w3VUzwl5kk
— Rui Pinto (@RuiPinto_FL) March 1, 2022
Contactada pela CNN Portugal, a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) confirma que a aeronave em questão está inscrita no Registo Aeronáutico Nacional, e que a empresa detentora do jato é a Vinstra Ltd., com sede em Tortola, nas Ilhas Virgens. Uma breve pesquisa na Internet não dá conta da existência da referida empresa. A ANAC acrescenta ainda que "está a analisar a situação que veio a público tendo em conta o enquadramento definido no Regulamento Europeu que aplica as sanções".
Como é este jato?
O avião em causa, o Bombardier Global 6000, é um jato de longo curso, um dos maiores no mercado, e pode levar até 14 passageiros. Term autonomia para voar até mais de 13 horas seguidas, atingindo uma velocidade máxima de 901 quilómetros por hora.
Por dentro, esta é uma aeronave altamente equipada. Dentro do jato há uma série de comodidades, desde Wi-fi a iPads e monitores com HD e Blu-Ray “para a melhor experiência de cinema a bordo.
O que é a Rosoboronexport?
A Rosoboronexport é uma empresa pública que se dedica à exportação e importação de produtos militares, nomeadamente armas e tanques, mas também outras tecnologias de defesa. Foi criada ainda na União Soviética por um decreto do então presidente Josef Stalin e é uma das principais empresas da área em todo o mundo.
A empresa fornece produtos nas mais variadas áreas de defesa, como as seguintes:
- forças terrestres;
- sistemas aeroespaciais;
- sistemas navais;
- sistemas de defesa aérea;
- munições e armas especiais;
- sistemas de segurança;
- armas de caça e desportivas.
É responsável por mais de 90% das vendas de armas anuais da Rússia e tem cooperações conhecidas com mais de 60 países, com escritórios de representação em 44 deles. Alguns dos maiores clientes são a Índia ou a China, mas também a Venezuela e o Iraque.
Alexander Mikheev não é caso único
O caso de Alexander Mikheev está longe de ser único e muitos outros fizeram o mesmo, alguns da mesma forma. Uma conta de Twitter chamada Russian Oligarch Jets está a fazer o acompanhamento dos vários jatos detidos ou alugados por magnatas de nacionalidade russa e entre eles estava o homem forte da Rosoboronexport. Outro deles é Roman Abramovich, que tem estado em constante movimento - a última localização conhecida era a Letónia.
Em sentido contrário, outros milionários russos já manifestaram o desagrado com a continuação da guerra. Foi o que fez Alexei Mordashov, o homem mais rico do país, que pediu que se "pare com o banho de sangue para ajudar as pessoas afetadas a refazer as suas vidas".
De acordo com a CNN Internacional, a conta que acompanha os diferentes jatos é de um jovem de 19 anos que ficou famoso por ter seguido o jato de Elon Musk, numa história que terminou com o homem mais rico do mundo a oferecer dinheiro para que a situação acabasse.
