"Estamos numa situação de elevadíssima tensão": MNE admite "preocupação" com possibilidade de "alastramento" do conflito entre Israel e Hamas

14 out 2023, 14:17

O ministro dos Negócios Estrangeiros disse ter "indicação de um pequeno número de portugueses" em Gaza, estando "em contacto" com as autoridades egípcias e israelitas para saber quando será possível resgatar esses cidadãos

O ministro dos Negócios Estrangeiros admitiu este sábado estar preocupado com a possibilidade de "alastramento" do conflito entre Israel e o Hamas e aconselhou o exército israelita a levar "mais tempo" na retaliação para evitar "uma matança descontrolada de palestinianos em Gaza".

"Estamos numa situação de elevadíssima tensão e é preciso muita contenção e sabedoria por parte dos líderes políticos para evitar esse alastramento, seja a Cisjordânia, seja a Jordânia, a Síria, o Iraque ou o Líbano", declarou o ministro João Gomes Cravinho em entrevista ao TVI Jornal e à CNN Portugal.

João Gomes Cravinho disse mesmo ter demonstrado essa preocupação numa chamada telefónica esta manhã com os seus homólogos da Palestina e da Jordânia. "A Cisjordânia é uma região onde a autoridade palestiniana abandonou há 30 anos a via armada como opção e reconheceu o Estado de Israel, mas o facto de  ter havido muito pouco progresso - ou nenhum progresso - desde os acordos de Oslo, também levou a que tivesse havido uma aumento de frustração por parte da população palestiniana", afirmou.

Por essa razão, o ministro argumentou que, "mesmo eliminando o Hamas, o problema de fundo não se resolve", sendo necessária uma "dinâmica política e diplomática" para que se chegue a uma solução de paz entre o povo israelita e palestiniano, idealmente a solução de dois Estados estabelecida pelos acordos de paz de Olso.

"Mesmo em guerra, há leis"

Neste contexto, João Gomes Cravinho sublinhou a importância de minimizar o número de perdas civis decorrente da retaliação israelita prevista em Gaza. Apesar de defender que "Israel tem o direito de autodefesa, que passa pela eliminação da ameaça militar do Hamas", o ministro lembra que, "mesmo em guerra, há leis", nomeadamente ao abrigo do direito internacional e humanitário.

"Mesmo que [Israel] leve mais tempo na abordagem militar, é melhor que leve mais tempo do que haja vítimas civis desnecessariamente. Todas as vidas civis têm igual importância, israelitas e palestinianos. É muito importante que não haja uma matança descontrolada de palestinianos em Gaza", frisou.

Questionado sobre se há portugueses na zona de Gaza, o ministro disse ter "indicação de um pequeno número de portugueses" na região, aguardando indicação das autoridades egípcias e israelitas para saber se é possível resgatar esses cidadãos.

"Estamos expectantes quanto à possibilidade de saída dessas pessoas de Gaza. Neste momento, a saída de Gaza depende das autoridades egípcias e israelitas. Estamos em contacto com elas. O que podemos fazer neste momento é falar com egípcios e israelitas e é isso que temos vindo a fazer", afirmou.

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