O Conselho Europeu, reunido em Versailles, garantiu que não vai deixar o povo ucraniano sozinho, sublinhando que os Estados-Membros vão continuar a prestar apoio político, financeiro, material e humanitário durante este tempo de guerra
O Conselho Europeu reconheceu esta sexta-feira “as aspirações europeias” da Ucrânia, num momento em que os líderes comunitários concordam em apoiar o país durante a sua caminhada até atingir a integração. O presidente da instituição, Charles Michel, disse que, “sem demora”, Bruxelas vai “fortalecer ainda mais os laços e aprofundar a parceria" e apoiar a nação invadida pela Rússia.
A instituição referiu que o pedido de adesão da Ucrânia à União foi “rapidamente” transmitido à Comissão Europeia para dar a “sua opinião” – o passo inicial de um longo processo para dar início às negociações de adesão. A declaração do Conselho Europeu foi publicada pouco depois das 3:00 horas, no final do primeiro de dois dias de reuniões em Versailles. Não houve reação imediata por parte governo ucraniano.
“O Conselho Europeu reconhece as aspirações europeias e a escolha europeia da Ucrânia... O Conselho agiu com celeridade e convidou a Comissão a apresentar o seu parecer sobre este pedido em conformidade com as disposições pertinentes dos Tratados. Enquanto isso, e sem demora, fortaleceremos ainda mais nossos laços e aprofundaremos a nossa parceria para apoiar a Ucrânia no seu caminho europeu. A Ucrânia pertence à nossa família europeia”, afirma o comunicado.
Os líderes europeus exigiram ainda "que a segurança das instalações nucleares da Ucrânia seja imediatamente assegurada com a assistência da Agência Internacional da Energia Atómica" e que "a Rússia cesse a ação militar e retire todas as forças e equipamento militar de todo o território da Ucrânia imediata e incondicionalmente, e respeite plenamente a integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas". Por outro lado, lembraram que já adotaram "sanções significativas" contra a Rússia e que se mantêm dispostos "a avançar rapidamente com mais sanções".
O Conselho Europeu garantiu, contudo, que "não vai deixar o povo ucraniano sozinho", sublinhando que os Estados-Membros vão continuar a prestar apoio político, financeiro, material e humanitário durante este tempo de guerra.
A instituição comunitária aplaudiu o povo da Ucrânia “pela sua coragem em defender o seu país e os nossos valores compartilhados de liberdade e democracia” e deixou uma promessa: “Estamos comprometidos em fornecer apoio para a reconstrução de uma Ucrânia democrática depois do cessar do ataque russo”, afirma a instituição.
“… without delay, we will further strengthen our bonds and deepen our partnership to support Ukraine in pursuing its European path”. #Ukraine️ #WeStandWithUkraine #EUCO https://t.co/tNsriqVPtK
— Charles Michel (@eucopresident) March 11, 2022
No final da reunião do Conselho Europeu, o presidente da Lituânia sublinhou que o processo de integração europeia da Ucrânia "já começou". "Agora, resta à Ucrânia conseguir uma rápida integração. A nação heroica ucraniana merece saber que é bem-vinda à União Europeia".
A historic night at Versailles. After five hours of heated discussions EU leaders said yes to Ukrainian eurointegration. The process started. Now it is up to us and Ukrainians to accomplish it fast. Heroic Ukrainian nation deserves to know that they are welcome in EU.
— Gitanas Nausėda (@GitanasNauseda) March 11, 2022
Os chefes de Estado e de Governo da UE iniciaram na quinta-feira uma cimeira de dois dias originalmente consagrada à economia, mas que focada na defesa e energia, por força da ofensiva russa na Ucrânia.
Agendada há muito pela atual presidência francesa do Conselho da UE, esta cimeira era dedicada integralmente ao “novo modelo europeu de crescimento e investimento”, mas a invasão da Ucrânia pela Rússia, há duas semanas, e as consequências do conflito para o bloco europeu impuseram alterações na ordem de trabalhos do encontro.
Eurodeputados pressionam Comissão Europeia para coordenar melhor transporte de refugiados
Durante a reunião em Versailles, mais de 60 eurodeputados pressionaram a Comissão Europeia para coordenar melhor o transporte em toda a Europa das centenas de milhares de ucranianos que fogem do país invadido pela Rússia.
A Comissão, disseram os eurodeputados numa carta enviada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e à comissária de Transportes da UE, Adina Vălean, deve “assumir a liderança para ajudar a realojar centenas de milhares de refugiados que fogem da Ucrânia e da agressão sem alma dos invasores russos”.
Os eurodeputados pediram também às autoridades que discutissem a questão durante a reunião do Conselho Europeu que esta sexta-feira volta a acontecer por volta das 10:00 horas.
A falta de capacidade de transporte deixou milhares de pessoas presas em acampamentos provisórios sem condições sanitárias adequadas, e a covid-19 está a espalhar-se “extremamente rápido”, segundo os eurodeputados que querem que a Comissão intensifique “urgentemente” a coordenação em toda a UE do transporte ferroviário e rodoviário de refugiados para outros países da UE. “Estamos à beira de um desastre humanitário e, para evitá-lo, precisamos de um apoio forte e imediato e de uma coordenação pan-europeia”, escreveram.