Ex-chanceler alemão vai perder privilégios por ligações a Putin (mas há quem diga que não chega)

19 mai 2022, 15:23
Vladimir Putin e Gerhard Schröder (Dmitry LovetskyGetty Images)

Gerhard Schröder mantém cargos em empresas estatais da Rússia e é conhecido pela ligação próxima a Vladimir Putin

O antigo chanceler da Alemanha, Gerhard Schröder, pode perder parte dos seus privilégios por causa das ligações ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. É isso que prevê uma proposta que deu entrada, esta quinta-feira, na Comissão de Orçamento do parlamento alemão. O objetivo, que fica aquém do exigido pela oposição, passa por fazer com que o ex-governante perca os privilégios de conservação do seu gabinete e também da equipa de trabalho que mantém. No último ano, e segundo contas do Deutsche Welle, estes privilégios custaram perto de 407 mil euros aos contribuintes alemães.

A coligação - que reúne social-democratas, ecologistas e liberais - pretende remover as vantagens atribuídas ao antigo chanceler do país (1998-2005), que trabalha atualmente para empresas de energia controladas pelo Estado russo.

O próprio SPD, que lidera a coligação, e do qual Schroeder é membro, avisou esta quarta-feira que os deputados da comissão parlamentar de Orçamento querem passar a vincular alguns dos privilégios dos ex-líderes alemães (como a disponibilização de funcionários, motoristas ou escritórios) a deveres reais, em vez de ser uma condição imediata pelo seu estatuto de ex-chanceleres.

A proposta nem vai tão longe como queria a oposição, que defenida a retirada da pensão anual ao antigo chanceler, que recebe cerca de 100 mil euros por ano do Estado alemão por ter sido chefe de governo.

Por enquanto um rascunho, a proposta teve o apoio do Parlamento Europeu, que quer ver o antigo homem-forte da Alemanha punido pela proximidade ao presidente russo. É que Gerhard Schröder, além de amigo próximo de Vladimir Putin, ainda mantém um cargo no conselho de supervisão da Rosneft, empresa estatal de energia da Rússia. Esteve também envolvido nos projetos de gasodutos Nord Stream e Nord Stream 2, decisivos para aumentar a dependência energética da Europa, e em particular da Alemanha, em relação à Rússia. É ainda conhecida uma ligação à Gazprom, uma das principais empresas de gás natural da Rússia.

Como ex-chanceler, Schröder, de 77 anos, ainda tem direito a vários cargos na Câmara dos Deputados e a um orçamento para funcionários, privilégio que custa 400 mil euros por ano aos contribuintes.

No início deste ano, a sua equipa demitiu-se e Schröder enfrentou uma onda de indignação de ex-aliados políticos quando o jornal norte-americano The New York Times o citou dizendo que o massacre de civis na cidade ucraniana de Bucha "tinha de ser investigado", mas que ele não acreditava que as ordens tivessem partido do presidente russo, Vladimir Putin, seu amigo de longa data.

O ex-chanceler já estava sob pressão desde a invasão russa da Ucrânia, já que, ao contrário da maioria dos ex-líderes europeus com funções em empresas russas, Schröder não renunciou aos cargos e tem sido, desde então, destituído de honras por várias cidades e alvo de pedidos para a sua expulsão do partido.

Ainda assim, o antigo líder garantiu, em abril, que não tinha intenção de renunciar aos cargos a menos que Moscovo interrompesse as entregas de gás à Alemanha.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados