V. Guimarães-F.C. Porto: as vitórias de Mourinho e os preocupantes sinais de insegurança

24 set 2002, 15:44

Rescaldo de um jogo muito, muito quente... Baía viu na bancada um Nuno forte e seguro; Mourinho ganhou uma equipa; desacatos foram sinal de insegurança nos estádios.

É já da tradição que os duelos entre Vitória de Guimarães e F.C. Porto são muito disputados e, não raras vezes, envoltos em polémica. O combate de ontem, em Felgueiras, não foi excepção. As circunstâncias assim o propiciaram: o Vitória ainda não tinha cedido qualquer ponto na Superliga, o Porto não queria perder terreno para o Benfica.

Saiu vencedor o conjunto das Antas, que dá sinais de estar a caminhar para um nível de consistência muito apreciável. E, com o triunfo portista, sai, obviamente, vencedor também o seu técnico, José Mourinho. Antes deste jogo, o treinador do F.C. Porto assumiu o risco de deixar Vítor Baía de fora ¿ não só do onze titular, mas também dos convocados. A influência que o guarda-redes portista detém junto do plantel não é motivo suficiente para que o treinador do F.C. Porto se tenha coibido de deixar Baía na bancada. «Só posso garantir que a sua não convocação nada teve a ver com uma situação do foro clínico», comentou Mourinho sobre esse tema. Curto, mas elucidativo.

Ao mesmo tempo que explicou de forma minimalista a ausência de Baía dos convocados ¿ um caso inédito na longa relação do guarda-redes com o F.C. Porto ¿ não deixa de ser significativo o elogio que José Mourinho fez questão de fazer a Ricardo Carvalho, um dos melhores portistas no jogo de ontem e que só foi titular devido ao castigo de Pedro Emanuel: «Jogou de forma fantástica e com grande solidariedade. Foi suplente até agora, mas soube esperar pela sua oportunidade». Um dia depois das declarações de insatisfação que Baía prestou ao jornal «Record», torna-se impossível não fazer comparações...

Mas há mais sinais importantes que se podem tirar das declarações de José Mourinho no final do encontro de ontem à noite. O técnico do F.C. Porto parece querer assumir, para o bem e para o mal, o risco das apostas que tem vindo a fazer neste início de época, ao lembrar que «na época passada, com os mesmos adversários, o Porto só tinha somado três pontos. Termos feito dez é fantástico».

Confusão nas bancadas e fora do estádio

O rescaldo da vitória do F.C. Porto sobre o Guimarães passa também pelos incidentes que marcaram a partida ¿ durante e, sobretudo, após o jogo. É conhecida a rivalidade entre as claques vimaranense e portista. Os confrontos ocorridos nas imediações do estádio só não tiveram consequências graves devido à intervenção da Polícia de Choque.

Mas já durante o jogo se adivinhava que poderia haver problemas: com o Estádio D. Afonso Henriques em obras até 31 de Janeiro de 2003, o Vitória de Guimarães vê-se forçado a jogar num estádio com óbvias limitações. O espaço na Tribuna de Imprensa era reduzido e os jornalistas que não couberam na zona destinada à Comunicação Social foram encaminhados para uma área em que mal podiam ver a partida e muito menos conseguiam exercer a sua profissão devidamente. Trata-se de uma situação preocupante, até pelo facto de já ser repetida esta época. Começou logo no Académica-Sporting, na Figueira da Foz e ameaça voltar a suceder.

Por muito que se percebam as contingências de se jogar em casa emprestada, a verdade é que numa... Superliga todos estes problemas terão que ser previstos e resolvidos atempadamente. Sob pena de estar em causa a própria segurança de jogadores, treinadores, jornalistas, adeptos e demais participantes num jogo de futebol.

Os longos minutos em que a partida esteve interrompida, após a expulsão de Rafael, é um excelente exemplo disso. A reacção enfurecida dos adeptos do Guimarães fez com que várias pedras e cadeiras fossem arremessadas para o relvado. A falta de protecção existente entre as bancadas e o relvado gerou uma situação que só por sorte não teve consequências físicas graves para ninguém. Até ao dia em que acontecer uma desgraça num estádio português...

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