Moreirense-V. Guimarães, 4-3 (crónica)

26 nov 2000, 20:20

Quem disse que não há coincidências? Só o facto de Moreirense e Guimarães, dois rivais separados por dez quilómetros, terem jogado três vezes seguidas para a Taça já dá que pensar. Agora, quando a vantagem é sempre da equipa mais pequena, então isso é... Taça de Portugal. Álvaro reprovou no seu primeiro exame ao comando do Vitória, ainda que já se tenham notado ligeiras melhorias no plano ofensivo. O problema continua a ser a defesa. O Moreirense merece rasgados elogios: fez um grande jogo e provou que não foi por acaso que a surpresa se repetiu pela terceira vez

Quem disse que não há coincidências? Só o facto de Moreirense e Vitória de Guimarães, clubes separados por dez quilómetros, se encontrarem na Taça por três vezes consecutivas já dá que pensar. Mas que nessas três vezes a vantagem tenha sido sempre da equipa mais pequena, isso é mesmo um caso de... Taça de Portugal. É uma banalidade dizer isto, mas foi exactamente o que se passou esta tarde: aconteceu Taça. No seu melhor. Um jogo aberto, com sete golos, transbordante de emoção, muito bem jogado e que conheceu duas reviravoltas no marcador. Desejam mais alguma coisa? 

A história recente dos dois últimos jogos para a Taça alimentava alguma expectativa sobre este encontro. A esse pormenor, juntava-se a mudança técnica operada no Vitória de Guimarães. E a verdade é que essas expectativas foram completamente confirmadas. A qualidade do espectáculo desta tarde situa-se ao melhor nível a que já assistimos esta época, talvez a par do Aves-Sporting, curiosamente um encontro que também terminou num 4-3 (mas para a equipa visitante). 

Álvaro Magalhães reprovou nos seu exame de estreia no comando técnico do Vitória de Guimarães. Perdeu quando tinha que ganhar e, por isso, o balanço tem que ser negativo. Mas manda a verdade que se diga que já se notaram algumas mudanças na forma de o Vitória se comportar. Os sinais mais animadores estiveram, sem dúvida, nos primeiros 20 minutos da segunda parte, período no qual o Vitória conseguiu inverter uma desvantagem de 0-2 para um 3-2 a seu favor. Foi um período de entrega, de querer, bem à imagem das equipas de Álvaro.  

Mas a questão é que nas restantes fases deste jogo, o Guimarães repetiu vícios passados. Falta de ligação entre os sectores, problemas nas marcações e, acima de tudo, uma enorme permeabilidade defensiva. Essa parece ser, sem dúvida, a grande falha do Guimarães: a defesa. 12 golos sofridos nos últimos três jogos (quatro no Bessa, quatro frente ao Benfica, quatro em Moreira de Cónegos) é dose a mais para uma equipa que queria lutar pela Europa. 

A vitória da humildade 

O Moreirense merece que se lhe teça um rasgado elogio. Uma equipa que milita na II Divisão B deu uma enorme lição de humildade, justificando plenamente este triunfo. Desde cedo se previu que a surpresa poderia conhecer a sua terceira versão, quando Altino, de cabeça, abriu o activo logo aos três minutos. 

A primeira parte foi toda do Moreirense. O Guimarães, assustado com o fantasma de voltar a ser eliminado pelo seu vizinho mais pobre, demorou a reorganizar-se e não conseguiu criar qualquer ocasião até ao intervalo. O 2-0 que se verificava quando todos recolheram aos balneários nada tinha de exagerado. 

A tarefa do Vitória parecia difícil, mas os primeiros minutos do segundo tempo logo mostraram que havia um Guimarães novo em campo. Álvaro deve ter puxado as orelhas aos seus jogadores, que surgiram mudados para melhor e em poucos minutos se puseram em vantagem. Quando Congo fez o 2-3 aos 59 minutos, a tendência passou a ser a qualificação dos vimaranenses. 

E foi aí que o Moreirense provou que queria mesmo fazer Taça. Inconformados com o facto de terem perdido a vantagem, os homens da casa voltaram a mandar no jogo. Manuel Machado refrescou a equipa, tirando Kipulo, lesionado, e Sérgio Teixeira, exausto, e colocando em campo um avançado (Riça) e um polivalente (Cristiano). Acertou nas alterações e beneficiou com a melhoria progressiva de Nuno Cavaleiro. O extremo-direito do Moreirense já tinha avisado na primeira parte que poderia fazer estragos. Veio a revelar-se o homem do jogo, ao apontar os dois golos que permitiram a vitória à sua equipa. 

O desespero dos adeptos vimaranenses no final do encontro apenas tem explicação na frustração que sentiram ao ver a sua equipa perder, com toda a justiça, perante o rival da II Divisão B. José Leirós assinou um excelente trabalho.

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