Zurique: o dinheiro de costas para o futebol

22 ago 2001, 15:42

Suíços gostam mais de apanhar sol à beira do lago Na capital financeira da Suíça o que mais interessa são as acções e as trasacções. O lago e o rio são uma referência no dia-a-dia.

A cidade surge em função do rio Limmat, impecavelmente límpido, constantemente atravessado por pequenas lanchas e banhistas ocasionais, que vão tomando banhos de sol sob um calor de quase trinta graus. No verão o lago passa a ser o centro das atenções, com visitas de barco e velas a vaguear ao ritmo da brisa ligeira. 

Zurique é a maior cidade da Suíça, com um total de um milhão e duzentos mil habitantes, sendo que apenas 360 mil vivem no seu perímetro urbano, que cobre 92 Km2. O lago tem o mesmo nome da cidade e estende-se por 27 km, servindo de reflexo aos Alpes, tenuemente cobertos de neve. 

Muito organizada e cosmopolita, a urbe é colorida por uma profunda mistura de raças e culturas, que convergem para o «coração» da Europa. O alemão é a língua corrente, mas ouvem-se, frequentemente, muitas outras línguas, como o japonês, o russo, o italiano, o francês e, como não podia deixar de ser, o português. Esta é uma zona que não tem muitos emigrantes lusos, ao contrário do que acontece em Genéve, mas os sete mil que vivem no perímetro urbano espalham-se pelos vários serviços, que são o principal sector de actividade.  

Na capital financeira e de negócios da Suíça ¿ tem também uma das bolsas de valores mais importantes do mundo, depois de Nova Iorque, Londres e Tóquio - é óbvio que os bancos (e os executivos) proliferam, tal como as lojas da Swatch, dos chocolates Toblerone e dos canivetes. Símbolos incontornáveis do país da cruz branca. Seja de que forma for é tudo muito caro para a bolsa de um português. 

O mobiliário urbano é curiosíssimo, com a permanente exposição de bancos alusivos a vários temas, normalmente associados às lojas que estão mais perto. Desde alusões a equipas de futebol, passando por verdadeiros tronos de Rei, chuteiras, barcos e animais. A criatividade é o limite e, pelo menos neste caso, não existe qualquer conservadorismo.  

Ir de bicicleta para o trabalho 

Com uma rede de transportes bastante eficiente, basicamente servida por eléctricos, autocarros e comboios, os habitantes parecem preferir, pelo menos no Verão, a bicicleta, pois a cidade é geralmente plana e as estradas estão preparadas com vias especiais para os veículos de duas rodas. O ar livre é, aliás, bastante usufruído pelas pessoas, que se sentam à beira do lago, aproveitando para almoçar, ler ou ouvir música.  

A cultura vive lado a lado com o ritmo do quotidiano, apesar do país não ser muito rico em termos históricos. Zurique é uma antiga povoação romana («Turicum»), fundada no ano 15 a.C, mas só foi considerada cidade a partir do século 10. Integra a comunidade suíça em 1351. 

Os pontos turísticos não vão muito além do lago e do rio, apesar dos edifícios serem peculiares, mas quase todos iguais. Precisamente junto ao Lago Zurique estão os principais monumentos, que são tudo igrejas ou pequenos mosteiros: Helmaus, Fraumünster, St. Peter, Rathaus e Grossmünster. 

O futebol é que parece passar um pouco à margem de tudo o resto. A liga suíça não tem estrelas, nem relevância internacional, pelo que os habitantes de Zurique normalmente preferem passar a fronteira e dar um pulo, breve, ao país vizinho, onde estão alguns dos melhores jogadores do mundo. A Bundesliga é atracção suficiente para muitos dos suíços e isso reflecte-se nos meios de comunicação social que, só para dar um exemplo, praticamente não falam sobre o jogo entre o Grasshopper e o F.C. Porto.

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