Domingos: «Um sonho de menino que acabou»

22 jul 2001, 00:34

O fim da carreira justificado com emoção pelo jogador «Foi uma decisão difícil, mas foi o melhor para mim», diz o atacante na hora da despedida.

O rumor circulava pelos corredores do Estádio das Antas, mas o facto de Domingos terminar a carreira aos 32 anos causava alguma incredulidade. Já se tinha visto Isabel, a sua esposa, sentada numa das cadeiras da sala de imprensa, o que causava alguma estranheza e pouco depois surgiu a confirmação. 

Domingos entrou pela porta que vem do balneário, sorridente, vestido com um fato beige, acompanhado por Pinto da Costa, Octávio Machado, Reinaldo Teles e Fernando Gomes, um dos administradores da SAD. Sentou-se ao lado direito do presidente e esperou pacientemente pelo anúncio. 

Na assistência era possível ver o seu amigo Vítor Baía, que fez questão em assistir a tudo desde o início; o guarda-redes Silvino, que também acabou a carreira de jogador e assumido a de treinador nas Antas; Joaquim Pinheiro, director responsável pela equipa B e Paiva Brandão, director-geral do clube. Vítor Manuel, o treinador do Salgueiros, também assistiu a tudo e no final da conferência de imprensa fez questão em cumprimentar Domingos, dizendo: «Boa sorte colega». O ex-jogador agradeceu. 

«Custou acabar» 

O ar sorridente de Domingos rapidamente se tornou menos agradável, pois à medida que explicava a situação a voz embargava e surgiam as lágrimas nos seus olhos. Era indisfarçável que se tratava de um momento marcante na vida do avançado. 

«Custou acabar, pois não se trata de uma decisão fácil. Demorei algum tempo a tomar esta decisão, com muitas reuniões juntamente com o presidente, pois existiam vários clubes interessados. Desta vez não quis voltar a cometer o erro de deixar o clube, como fiz quando fui para Tenerife, e decidi ficar no F.C. Porto, agora com outras funções. Quero continuar no único sítio onde joguei em Portugal, pois quero-me sentir bem, ainda por cima depois das pessoas da administração da SAD terem feito tanta força para que eu acabasse a carreira de forma digna», começou por referir. 

A ligação ao clube foi um factor essencial para a decisão: «Estou aqui desde 83, por isso custou-me muito tomá-la. Entrei aqui com 13 anos, saio com 32. É um sonho de menino que acaba hoje. Um jogador nunca está preparado para acabar, pois acha que nunca chegou a hora. Neste momento o melhor para mim é continuar a servir por muitos anos o clube e procurar fazer sempre melhor». 

Domingos tinha mais dois anos de contrato como jogador, que já não vão ser cumpridos. Assinou um novo vínculo, agora como treinador-adjunto da equipa B, para os próximos quatro anos, juntando-se a Ilídio Vale e Bandeirinha já a partir de amanhã. Na hora da despedida surge ainda tempo para agradecer à massa associativa - «que sempre me apoiou muito» - e aos meios de comunicação social: «Os jogadores gostam de aparecer e a mim dedicaram-se sempre muitas páginas dos jornais. Por isso agradeço à imprensa».

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