Goleada frente ao Racing, por 7-0
Demasiado fácil para retirar conclusões relevantes. O F.C. Porto estreou-se nos jogos de pré-temporada com uma vitória folgada em Paris, por 0-7, diante de um Racing muito, mas mesmo muito longe dos tempos de Artur Jorge.
Mas convém começar por ressalvar, logo para início de conversa, que a mediocridade do adversário portista desta noite não deve servir de motivo para que alguns méritos que o F.C. Porto mostrou nesta partida sejam ofuscados. Para primeiro teste da época, o Porto foi já uma equipa coesa, sólida e estruturada. Deve ser elogiado por isso. Como era de prever, Octávio Machado deixou um claro sinal que aponta para uma mudança de modelo de jogo dos azuis e brancos: do obrigatório 4x3x3 de Fernando Santos para um 4x2x3x1, sistema com o qual iniciou o jogo, ou então um 4x4x2, dependendo das unidades que forem escolha no meio-campo.
E essas duas hipóteses notaram-se nos dois onzes que Octávio ensaiou, um em cada uma das partes. O primeiro, claramente mais próximo daquela que deverá ser a estrutura-base da equipa, com a tal aposta em dois médios-defensivos que estávamos a prever. O centro da defesa teve as escolhas óbvias ¿ Jorge Andrade e Jorge Costa ¿; os laterais foram Secretário e um seguríssimo Mário Silva, que fez dois centros para golo; Paredes e Costinha formaram uma dupla muito eficaz, servindo de tampão para um meio-campo de luxo. Capucho parece começar a época em grande forma, Deco mostrou os pormenores do costume e Soderstrom foi um poço de energia pela esquerda. Mas Pena foi a grande figura deste onze, ao fazer um hat-trick em apenas 35 minutos.
Muitas soluções a meio-campo
A quase nula oposição francesa impediu que os portistas testassem um pouco mais os seus mecanismos. Fica por confirmar se a facilidade com que os azuis e brancos trocaram a bola foi essencialmente demérito do Racing, ou se já é fruto da máquina de jogar futebol sonhada por Octávio. Certo, certo é que o novo treinador portista vai ter muitas dores de cabeça até poder saber qual será a melhor forma de desenhar o meio-campo. Soluções não faltam e ainda há que contar com Quintana...
A segunda parte mostrou um Porto totalmente diferente. Sem um homem-golo declarado, Maric e Clayton compunham uma frente de ataque mais alargada, que puxava o jogo da equipa mais para as alas. O meio-campo passava a ter uma linha de quatro unidades, com elementos de combate ¿ Paulinho e Chainho ¿ e outros dois mais criativos. Alenitchev e Pavlin. Na defesa, Ricardo Silva e Ricardo Carvalho quase nem tiveram oportunidade para mostrar que podem ser alternativas, Rubens teve um regresso feliz, oferecendo um golo a Cândido Costa e Nélson voltou ao seu lugar preferido, o lado direito.
Cândido Costa, Ivan Moreno, Ricardo Sousa e Alessandro foram os únicos quatro jogadores que não começaram qualquer metade do jogo, mas fizeram, os quatro, trabalhos positivos. Sobretudo o brasileiro, que regressou com um bom golo e pormenores de luxo.
Árbitro: Jean Bonnin
Árbitros auxiliares: Frédéric Lemelle e Bart Varella
RACING DE PARIS (5x3x2): Grange; Poisson, Lalisse, Di Canot, Leonetti e Robert; Lanoizelet, Ait-Ali e Bouabdellah; Lachaab e Caumartin
Entraram ainda: Soler, D¿Amore e Diallo
Disciplina: cartão amarelo a Leonetti (61m)
Treinador: Jean-Michel Cavalli
F.C. PORTO, 1.ª parte (4x2x3x1): Ovchinnikov; Secretário, Jorge Costa, Jorge Andrade e Mário Silva; Costinha (Pavlin, 31m) e Paredes; Capucho, Deco e Soderstrom (Chainho, 31m); Pena
F.C. PORTO, 2.ª parte (4x4x2): Vítor Baía; Nélson, Ricardo Silva, Ricardo Carvalho e Rubens Júnior; Chainho (Alessandro, 60m), Paulinho Santos, Pavlin (Ricardo Sousa, 62m) e Alenitchev; Maric (Cândido Costa, 69m) e Clayton (Ivan Moreno, 69m)
Treinador: Octávio Machado
Ao intervalo: 0-3
Marcadores: 0-1, Pena (8m); 0-2, Pena (10m); 0-3, Pena (35m); 0-4, Maric (53m); 0-5, Alenitchev (55m); 0-6, Alessandro (65m); 0-7, Cândido Costa (78m)
Resultado final: 0-7
