Benfica-P.Ferreira, 7-0 (crónica)

10 nov 2002, 21:43

Transfiguração em duas semanas Transfiguração em duas semanas, dos lenços brancos à ovação. A história de uma goleada.

Sete vezes golo. Há duas semanas, frente à Académica, o Benfica recebeu lenços brancos dos adeptos, depois do empate conseguido em cima da hora. Hoje, depois da vitória nos Açores, frente ao Santa Clara, o público entrou com a equipa e saiu rendido depois de uma excelente exibição e uma goleada esmagadora ao Paços de Ferreira, num grande jogo de futebol.

E que contraste entre a equipa que bateu sete vezes Pinho e a que apenas uma vez enganou Pedro Roma... No espaço de duas semanas, houve cinco alterações no onze inicial, o reposicionamento de algumas pedras e a transfiguração, num ápice, da equipa, subitamente equilibrada, lutadora, solidária e eficaz.

O castigo de Simão foi solucionado com a colocação de Mantorras, Nuno Gomes e Roger na frente. Um trio muito móvel, mas que não fez com que, como em algumas vezes no passado, a equipa deixasse de jogar pelos flancos. Porque foi simétrica, teve dois laterais ofensivos - a passagem de Ricardo Rocha para o meio teve o efeito de dar mais pendor ofensivo ao flanco esquerdo e muito mais segurança ao centro da defesa -, um meio-campo tacticamente irrepreensível, que faz com que todos possam atacar porque as compensações ficam asseguradas, e um trio atacante endiabrado.

A juntar a isso o aproveitamento das bolas paradas - cinco golos na sequência de cantos e um depois de um livre à maneira curta -, o Benfica criou uma goleada justíssima e um excelente jogo, que começou muito bem e equilibrado e nunca teve apenas um sentido. O Benfica fez grandes jogadas, especialmente depois de chegar à vantagem, o que tranquilizou a equipa e permitiu que os jogadores deixassem de, sob pressão, tentar fazer o que deviam, mas os visitantes estiveram bem melhor - pelo menos em termos de atitude - do que o resultado pode fazer pensar.

O papel do árbitro

O Paços de Ferreira foi derrotado, perdeu três pontos, mas o seu futebol ficou mais uma vez afirmado, na troca de bola constante, na procura da baliza, na rendição que nunca aconteceu. E quem pode dizer que uma opção mais defensiva daria outros resultados (em pontos, que não em golos), perante um Benfica tão irrequieto e eficaz?

José Mota não abdicou de apresentar cinco jogadores de características ofensivas e não se pode dizer que foi por aí que perdeu o jogo. E se o perdeu, a história podia ter sido outra. Com o resultado ainda em 0-0, Mauro atirou ligeiramente por cima da trave, sem oposição, na sequência de um canto - uma oportunidade flagrante que, a ser concretizada, podia ter abanado tanto o adversário que este já não se recompusesse. E só a falta de pontaria fez com que os pacenses chegassem ao fim do jogo sem marcar - apesar de tantos remates, muitos deles perigosos, Moreira não fez uma única defesa.

Elogios também para o árbitro Martins dos Santos. Se o jogo teve tanta qualidade, parte da responsabilidade é sua. O árbitro portuense tomou a opção de deixar jogar, sem apitar a todos os choques e sem cair em fitas. E sem que alguém possa ter razões de queixa, pois a sua opção foi clara. Ou seja, Martins dos Santos permitiu que o encontro tivesse muito ritmo e velocidade, sem paragens constantes, como infelizmente é habitual na Superliga, culpa de juizes medrosos que apitam a qualquer contacto. E nem precisou de mostrar qualquer cartão para controlar o jogo.

Se quiser mesmo saber quem e como fez tantos golos, clique aqui.

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