Bayern campeão da Europa 25 anos depois

23 mai 2001, 22:45

Liga dos Campeões: Valência derrotado nos «penalties»

O Valência começou o jogo praticamente a ganhar. Logo no primeiro minuto, o árbitro holandês Dick Jol assinalou uma grande penalidade a castigar falta sobre Mendieta na grande área. Foi a primeira decisão polémica de um juíz que acabou por ficar ligado, pelos aspectos negativos do seu trabalho, à história do jogo. Mendieta apontou com serenidade a grande penalidade e os espanhóis tomavam a liderança quando os bávaros ainda aqueciam os músculos. 

Em jeito de compensação, Dick Jol dá ordens para a marcação de nova grande penalidade, na área contrária. Tinham passado apenas quatro minutos. Angloma derrubou Effenberg e o juíz holandês voltou a não ter dúvidas. Mehmet Scholl não teve, no entanto, a mesma serenidade de Mendieta e atirou para defesa com as pernas de Canizares. Os alemães acusaram o falhanço, mas continuaram a controlar as operações. A comparação entre o tempo de posse de bola pesava para o lado da equipa orientada por Otmar Hitzfeld. 

Linke teve dois cabeceamentos fortes que acabaram por não chegar à baliza; Effenberg testava o guarda-redes espanhol de longe; Elber libertava Scholl, que remata contra um adversário: era esta a reacção ao golo de Mendieta e ao falhanço de Scholl. No 26 minuto, os bávaros estiveram perto do empate. Khan chutou uma bola para a frente, onde estava Elber. O brasileiro rematou cruzado, muito perto do poste esquerdo da baliza de Canizares. 

O Bayern continuava a sua saga: Scholl falhou um livre directo por muito pouco. O Valência respondia como podia, em contra-ataque. Mas continuava perigoso. 

Alemães endiabrados 

O início da segunda parte foi quase tão explosivo como o da primeira. Aos 49 minutos, Elber cruzou a bola da esquerda e Carboni, empurrado por Jancker, tocou a bola com a mão. Dick Jol apontou novamente para a marca de grande penalidade. Effenberg enganou Canizares e o jogo voltou ao seu início. 

Foi a vez dos espanhóis reagirem. Mendieta ganhou um livre a 25 metros da baliza, mas falhou por muito o alvo. As duas equipas lutavam agora pela posse de bola, a fim de limitar ao mínimo as jogadas ofensivas criadas pelo ataque adversário. 

Os jogadores do Bayern sempre aparentavam estar mais confiantes. Effenberg e Hargreaves entendiam-se às mil maravilhas no meio-campo.  

Cúper, treinador do Valência, colocou o esloveno Zahovic em campo para dar mais força ao ataque, mas nenhuma das formações parecia apostada em arriscar demasiado. Mesmo assim, o ex-jogador do F.C. Porto teve uma boa oportunidade para tentar bater Kahn, mas escorregou na altura decisiva. 

A custo, os espanhóis aguentaram até ao final dos 90 minutos. Mas antes Jancker ainda tentou de longe o remate, que acabou por sair muito perto da baliza de Canizares. 

Defesa espanhola com problemas, Zahovic quase fatal 

O prolongamento era inevitável. Os alemães começaram melhor. Trocavam a bola com facilidade, criando muitos problemas à defesa do Valência. Após grande jogada de envolvimento, Elber teve nos pés o «golo de ouro», mas Canizares acabou por defender com o braço direito. Pouco tempo depois, Salihamidzic ganhou espaço na direita, mas o guarda-redes espanhol voltou a estar no caminho da bola, defendendo o remate à segunda. 

O Valência tentava responder. Zahovic desperdiçou a maior oportunidade dos valencianos nesta fase. Após um cruzamento da esquerda, o esloveno parou a bola com o peito e ficou frente a Oliver Khan. O remate saiu, contudo, fraco de mais. 

A segunda parte do prolongamento foi mais táctica. Estava uma taça europeia em jogo e arriscar era demasiado perigoso. Paulo Sérgio ainda tentou, depois de uma insistência de Jancker, alterar o resultado, mas o seu remate foi cortado para canto. Faltavam cinco minutos para os penalties.  

Sorte ou azar 

Dizer que o desempate por grandes penalidades é uma lotaria já é habitual. Mas uma final tem que ter vencedor e este pode apenas ser justo ao injusto. O Bayern partia para a decisão como um justo vencedor. Acabou por sê-lo. 

Paulo Sérgio atirou por cima no primeiro penalty e o Valência ganhou logo vantagem por intermédio de Mendieta. Seguiu-se Salihamidzic, que, desta vez, não perdoou. A pressão passava a estar do lado de John Carew, que enganou mais uma vez Oliver Khan. 2-1. Zickler também facturou e Zahovic tinha a responsabilidade de não falhar. O esloveno permitiu a defesa do guarda-redes alemão e colocou tudo como no início. Patrick Andersson marcou muito mal, mas Carboni também permitiu a defesa de Khan. O 2-2 mantinha-se. Effenberg, muito calmo, remata muito bem e passa o Bayern para a frente. A pressão está sob os ombros de Baraja. Mas não falha. 

Segunda série. Lizarazu não podia falhar e não o fez. 4-3. Kily Gonzalez rematou rasteiro e fez o 4-4. Linke fez o 5-4 e Pellegrino permite a defesa de Khan. O Bayern sagrou-se campeão da Europa, 25 anos depois do último trofeú e duas épocas depois da final perdida em Barcelona frente ao Manchester United. 

Ficha do Jogo 

Estádio San Siro, em Milão

Árbitro: Dick Jol (Holanda) 

BAYERN MUNIQUE - Oliver Khan; Sagnol (Jancker, 46m), Kuffour, Patrick Andersson, Linke e Lizarazu; Hargreaves, Effenberg e Salihamidzic; Scholl (Paulo Sérgio, 108m) e Elber (Zickler, 100m) 
 

VALÊNCIA ¿ Canizares; Angloma, Ayala (Djukic, 90m), Pellegrino e Carboni; Mendieta, Baraja, Aimar (Albeldo, 46m) e Kily Gonzalez; Juan Sanchez (Zahovic, 64m) e John Carew. 

Disciplina: cartão amarelo a Carboni (26m), Andersson (37m), Kily Gonzalez (106m), Canizares (120m).

Marcadores: Mendieta (0-1, 2m, de g.p.); Effenberg (1-1, 51m, de g.p.)

Desempate por penalties: Paulo Sérgio falhou; 0-1, Mendieta; 1-1, Salihamidzic; 1-2, John Carew; 2-2, Zickler; Zahovic falhou; Andersson falhou; Carboni falhou; 3-2, Effenberg; 3-3, Baraja; 4-3, Lizarazu; 4-4, kily Gonzalez; 5-4, Linke; Pellegrino falhou.

Ao intervalo: 0-1

Final dos 90 minutos: 1-1

Final dos 120 minutos: 1-1

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