Duas medalhas souberam a pouco para Portugal

1 out 2000, 13:16

Balanço da participação portuguesa nos Jogos Olímpicos Portugal teve 62 atletas em Sydney e trouxe duas medalhas. De resto, sobram dos Jogos Olímpicos muitas desilusões e muitos azares portugueses.

No balanço das XXVII Olímpiadas, Portugal conquistou duas medalhas de bronze. Nuno Delgado, no judo, e Fernanda Ribeiro, nos 10.000 m, foram quem subiu ao pódio. Mas havia muito mais expectativas para alguns dos 62 atletas portugueses que estiveram em Sydney.  

Além das medalhas, Portugal conseguiu apenas seis classificações mais com direito a diploma - posições até ao oitavo, consideradas como posições de finalista. Foram o 4º lugar de Maia e Brenha no voleibol de praia, o 5º de Miguel Nunes e Álvaro Marinho na vela, em 470, os sétimos da vela para Afonso Domingos e Diogo Cayolla, em 49er, Gustavo Lima, em laser, de João Costa, no tiro, e de Michel Almeida, no judo. 

As desilusões são muito mais. A vela andou perto de uma medalha e não chegou lá, despedindo-se de Sydney, com um balanço forçosamente mais negativo que Atlanta, há quatro anos, onde Hugo rocha e Nuno Barreto truxeram a medalha de 470. 

O tiro nem sequer chegou perto, apesar das credenciais dos atiradores portugueses no fosso olímpico. No voleibol de praia, Maia e Brenha voltaram a entusiasmar, para no fim repetirem o frustrante quarto lugar de Atlanta. 

No ciclismo, os quatro corredores presentes nem terminaram a prova de estrada e Vítor Gamito, no contra-relógio, foi antepenúltimo. No atletismo, uma medalha entre 22 representantes, alguns dos quais bem cotados a nível mundial, é muito pouco. 

Mas mau, realmente mau, foi o desempenho da natação. Foi ao fundo, sem que um único atleta conseguisse sequer superar sequer o seu máximo pessoal, naquela que foi considerada a piscina maias rápida do mundo. Dirigentes e nadadores já admitiram o fracasso, embora com acusações mútuas. Adivinham-se tempos difíceis para a natação portuguesa.  

O resto foi quase só uma sucessão de desilusões e muitos azares - começou logo pela gripe que impediu João Vieira de actuar nos 20 km marcha. O caso mais dramático foi o problema idêntico que condicionou a maratona de Manuela Machado. Mas também houve, como acontece quase sempre com portugueses, casos caricatos, entre os quais o de Carlos Calado, que ficou em 10º na final do salto em comprimento porque se lhe partiram os bicos dos sapatos. 

Estes Jogos revelaram ainda uma nova faceta dos portugueses - uma notável competência a protestar. Um protesto na vela manteve Marinho e Nunes na luta pelas medalhas, Teresa Machado foi admitida na final do lançamento do disco depois de protestar a não validação de dois dos seus lançamentos, Mário Aníbal subiu do 24º para o 12º lugar no decatlo depois de ver reposta a justiça, abalada por uma juíza que lhe anulou um lançamento do dardo. Portugal é forte candidato ao título de campeão dos protestos.

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