Lemajic pede tempo para ultrapassar falhas da formação

7 out 2002, 14:10

Jugoslávia: O declínio de uma potência O futebol parou no tempo, passado para segundo plano num país em guerra e em crise. O Maisfutebol esteve em Belgrado e fez o diagnóstico de um país que há uma década estava no auge.

Zoran Lemajic, de 42 anos, treina agora os guarda-redes de todas as selecções da Jugoslávia, incluindo a principal. Depois de nove anos em Portugal (ao serviço de Sporting, Boavista, Farense e Marítimo) e de ter concluído a sua carreira na Escócia, o antigo guardião faz agora parte da nova estrutura federativa, que inclui Stojkovic, Savicevic ou Vujacic.

Para Lemajic, espectador atento do Partizan-Sporting (e a torcer abertamente pelos leões), não foi tanto a guerra que contribuiu para a queda do futebol jugoslavo, mas sim a proibição de contactos internacionais. O guarda-redes valoriza a experiência adquirida em grandes jogos, em que a selecção e os clubes do país não puderam participar entre 92 e 96.

«É preciso tempo para ultrapassar essas falhas na formação. Não foi a guerra que teve mais influência, mas sim o embargo desportivo. Sem culpa nenhuma fomos impedidos de participar no Campeonato da Europa de 92 e só em 96 voltámos a jogar. Para fazer jogadores de grande nível é preciso tempo, é preciso que actuem em grandes jogos, que estejam presentes em competições europeias e grandes competições de selecções», avisa.

Ainda assim, Zoran Lemajic inclui-se no lote de optimistas, o que não deverá dissociar-se das suas novas funções. «Com a entrada de Dragan Stojkovic para presidente da federação e Savicevic para treinador acho que vamos ter capacidade para ultrapassar a crise. Nos próximos jogos de qualificação para o Campeonato da Europa que vai decorrer em Portugal já devemos ter mais alguns jogadores que actuam aqui na Jugoslávia. O espelho das melhorias que estão a acontecer é o Partizan, que está a jogar muito bem. É uma excelente equipa, nova, vamos ver até onde pode ir nas competições europeias.»

Ainda assim, mesmo que os resultados ajudem à recuperação, a Jugoslávia está muito longe do que foi antes. «O trabalho que se fazia com jovens de 18 ou 19 anos não se faz agora, por isso não aparecem jogadores da qualidade de Savicevic, Mijatovic ou Boban. Tínhamos uma ex-Jugoslávia de 22 milhões de habitantes, com outras equipas fortes como o Dínamo Zagreb e o Hajduk Split. Os jogadores com capacidade ficavam cá, jogavam na liga nacional e só a partir dos 27 anos podiam sair para o estrangeiro. Agora o campeonato perdeu a competitividade que tinha.»

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