A claque gay que nunca existiu

26 out 2000, 20:57

Um erro de tradução converteu um grupo de amigos em adeptos homossexuais Um erro de tradução converteu a visita à capital espanhola de um grupo de adeptos da equipa dinamarquesa do Viborg, que hoje (quinta-feira) à noite defronta o Rayo Vallecano na segunda eliminatória da Taça da UEFA, numa das anedotas mais engraçadas do futebol espanhol dos últimos tempos.

Um erro na tradução converteu a visita à capital de Espanha de um grupo de adeptos da equipa dinamarquesa do Viborg, que hoje (quinta-feira) à noite defronta o Rayo Vallecano na segunda eliminatória da Taça da UEFA, numa das anedotas mais engraçadas do futebol espanhol dos últimos tempos.   
 
A interpretação incorrecta do comunicado enviado pela equipa dinamarquesa ao clube espanhol e o desenvolvimento do erro pelo diário desportivo «Marca» fez com que os jornalistas espanhóis anunciassem que uma das claques que ontem chegou a Madrid com a equipa do Viborg era composta exclusivamente por homossexuais.  
 
A «Marca» anunciou ontem que a maioria dos cem adeptos que vieram com a equipa dinamarquesa pertenciam a uma claque de adeptos homossexuais chamada «Supporte club», com mais de quinhentos membros na cidade escandinava. Mas não se ficou por aí, e avançou que a claque tinha prevista uma visita ao bairro de Chueca, zona de reunião da comunidade homossexual de Madrid.  
 
O engano do diário desportivo madrileno alastrou-se rapidamente a outros órgãos de informação que recolheram a notícia e a aproveitaram para fazer alguma brincadeira nos seus programas nocturnos. A cadeia de rádio «Ser», por exemplo, até tinha a intenção de seguir o passeio dos adeptos pelo bairro «gay» da capital de Espanha e só reparou no erro após um telefonema de um dos dirigentes do Rayo Vallecano que lhes indicou que a sensacional reportagem que preparavam resultava de um erro de tradução de uma nota de imprensa.  
 
No comunicado, escrito em inglês, falava-se da claque e utilizava-se a palavra inglesa «guy» (rapaz) na definição dos seus componentes, o que alguém traduziu como «gay». O que ninguém pode explicar é onde é que os jornalistas da «Marca» obtiveram a informação sobre os planos do grupo para visitar o bairro de Chueca.  
 
Javier Ruiz-Mateos, representante do Rayo Vallecano, consultado pelo Maisfutebol, explicou o que aconteceu. «Claro que se trata de um erro. Não existe claque gay nenhuma. Foi uma confusão entre gay (homossexual) e guy (rapaz)».  
 
O diário espanhol corrigiu, entretanto, o erro na sua edição de hoje, um erro duplo, pois nem sequer o nome da claque «The Green Pride» (Orgulho Verde) era correcto e escreveu que os seus membros negaram ser uma claque de homossexuais. O que o jornal não descreveu foi como é que ficou o rosto dos adeptos dinamarqueses quando foram indagados pela tendência sexual do grupo.  
 
Viborg é uma pequena cidade do noroeste da Dinamarca com cerca de 30 mil habitantes, segundo os dados de 1990. Se os dados que ontem foram publicados fossem correctos quase dois por cento dos habitantes da cidade eram homossexuais e pertencentes a esta claque da equipa local, pois o «The Green Pride» tem perto de quinhentos sócios.

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