F.C. Porto-Sporting, 2-2 (destaques)

19 mar 2001, 23:20

A ordem aos criadores João Pinto e Deco foram mágicos em momentos específicos, que marcaram o jogo de forma indelével. Pedro Barbosa, encostado à esquerda, não teve o fulgor de outros jogos, mas voltou a ser decisivo. Capucho foi o mais solicitado pelos portistas e voltou a recair nos mesmos erros. Pedro Espinha e Pena formam a culpa que impediu o F.C. Porto de chegar mais longe.

João Pinto

O menino de ouro é um jogador admirável. Mesmo que custe a muita gente admiti-lo, porque por vezes é quase invisível dentro de campo, João Pinto tem uma atracção especial pelos momentos decisivos e teima em repeti-los constantemente, o que o empurra para a lista dos jogadores inesquecíveis. Com liberdade para correr, fugir às marcações e sem uma preocupação desmesurada em defender, jogou solto no meio-campo e ofuscou um Carlos Paredes em nítida quebra de forma. Podia ter desenhado o destino do jogo logo aos dois minutos, quando rematou já na pequena área e fez a bola passar a poucos centímetros do poste de Pedro Espinha. Mas como estava designado para marcar e viver mais um momento de êxtase num Estádio que lhe é hostil por tradição, apareceu sozinho num canto e cabeceou para o empate, sem qualquer oposição. 

Deco

A paixão ou o ódio, nunca sentimentos mornos e pouco definidos, nunca a indiferença. Deco é capaz do melhor e do pior, do passe mais incompreensível ao toque de classe exclusivo, pacientemente elaborado num curto espaço de relvado. Desesperadamente lento e com um estilo de corrida estranho e acanhado, o brasileiro encontra caminhos que os comuns mortais nunca conseguirão definir. Nos momentos maus é um incompreendido, no golo que marcou e nos momentos finais do jogo torna-se um deus digno de veneração das massas. 

Pedro Barbosa

Observar a movimentação de Pedro Barbosa em campo é, já por si só, um prazer para a mente. É um jogador refinado, de qualidade superior e que esta época está a conseguir atingir a regularidade que muitos lhe acusavam de não ser capaz de suportar. Joga para a equipa, apesar de possuir recursos individuais fantásticos e isso traduz-se em assistências e passes a rasgar todo o campo, deixando os adversários fora de si. Mesmo sem o deslumbre de outros jogos, o médio começou por jogar encostado à esquerda, mesmo sem conseguir ser um extremo. Manuel Fernandes sabia que Barbosa ia aparecer muito mais vezes no miolo, junto a João Pinto. Por isso, rentabilizou as opções e deixou as ideias à solta, o que colocou Pedro Barbosa no centro das atenções, quando centrou no lado direito para o golo de Acosta. 

Capucho

Promete mais do que pode, efectivamente, dar à equipa. Pensa ter o fulgor de Sérgio Conceição, mas esbarra quase sempre no curto número de jogadas que conseguiu memorizar. Ainda assim, foi sempre o mais solicitado nas alas e nunca deu descanso a Rui Jorge, que conseguiu enganar vezes sem conta. Só que o problema persistiu, com Capucho a tirar o primeiro adversário do caminho e centrar para o peito de outro oponente, ou para o espaço vazio... ou para lado nenhum. Também na finalização voltou a estar menos bem, primeiro com um remate frouxo à figura de Schmeichel e depois, ainda mais flagrante, com uma cabeçada ao lado. 

César Prates

O lateral-direito do Sporting esteve nos melhores momentos do domínio sportinguista na primeira parte. Como é habitual, subiu muito e apareceu no auxílio a João Pinto, quando este descaiu para a direita. Na única oportunidade que teve para marcar golo foi através de um livre à entrada da área, mas rematou por cima. Porém, o aspecto mais relevante do seu desempenho foi ter anulado Drulovic, que se tornou apático e inconsequente. Com Folha em campo não foi muito diferente, embora o fulgor inicial do portista lhe tenha causado alguns problemas. 

Pedro Espinha

A estreia no campeonato surgiu apenas à 25ª jornada e depois de Fernando Santos ter-se finalmente convencido que Espinha era melhor guarda-redes do que Ovchinnikov. Em termos gerais, a verdade é que se trata de um jogador muito mais maduro e quase sem defeitos. Definitivamente melhor fora dos postes e talvez menos elástico do que o russo junto à linha de baliza. No sexto jogo da época, quase não teve trabalho, mas voltou a ser eficiente nas saídas da baliza, tanto nos cruzamentos, como a fazer a «mancha», tranquilizando os colegas da defesa. Só que falhou num momento crucial, deixando-se antecipar por Acosta no segundo golo de Acosta. 

Pena

É indiscutivelmente a única solução credível para o ataque do F.C. Porto, porém quando não encontra espaços para finalizar torna-se um jogador pouco útil à equipa. Quando recebe a bola em espaços mais recuados, normalmente perde-a para o adversário, impedindo jogadas de combinação. Sem os golos, Pena é aflitivo, irritante até, pela vontade inesgotável de fazer tudo sozinho, mas principalmente pelas constantes perdas de bola e pontapés sem nexo. Hoje encontrou uma sombra real, que tem estado permanentemente à espera de um oportunidade. Maric foi um herói ao marcar o golo do empate.

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