A nova Itália de sempre (Itália-Bélgica)

14 jun 2000, 23:10

Apuramento à vista A Itália marcou cedo e ficou como quis. Geriu a vantagem até final e tem o apuramento praticamente garantido. Leia a reportagem de Nuno Madureira, enviado especial do Maisfutebol.

Os anos passam, a Itália continua a mesma. Esta é a principal conclusão a retirar da vitória dos italianos sobre a Bélgica (2-0), que praticamente os coloca, salvo catástrofe impensável, nos quartos-de-final. Os belgas, muito moralizados pela vitória sobre a Suécia, pensavam poder tirar partido das inseguranças dos homens de Zoff, flagrantes nos meses que antecederam o início da prova e ainda visíveis diante da Turquia 

Foi ilusão que lhes passou depressa: 5 minutos bastaram para Totti concluir de cabeça um livre apontado na direita e dar à «squadra azzurra» aquilo que esta se celebrizou por não desaproveitar: uma vantagem madrugadora. O jogo tinha começado em bases muito rápidas, anunciando mais um festim de futebol de ataque. Ainda antes de Totti bater De Wilde, já por duas vezes o antigo guarda-redes do Sporting tinha negado o golo a Maldini e Inzaghi. E pouco depois do 1-0, foi Goor quem arrancou um remate poderoso de fora da área, que obrigou Toldo à primeira de muitas defesas difíceis, desviando a bola para o poste. 

Um remate de Mpenza e outro de Wilmots, sempre detidos pelo impressionante guarda-redes italiano, deram a Zoff o sinal de que o jogo estava rápido de mais para os gostos calculistas da «squadra». Recuar foi então a palavra de ordem: Maldini e Zambrotta, que ocupavam inicialmente os flancos numa posição mais adiantada, colaram-se aos três centrais, formando um bloco defensivo compacto com cinco unidades. E o meio-campo não hesitou em cavar um fosso enorme em relação aos dois avançados, com o infeliz Inzaghi a reflectir o preço dessa opção, caindo em sistemáticos foras-de-jogo. 

Fiore resgata o jogo 

O embate, cujos primeiros 25 minutos foram empolgantes, perdeu intensidade. Entre uma equipa satisfeita com o que tinha e outra que queria mais, mas não tinha arte para chegar lá, as chaves do jogo estavam no bolso da Itália que, com menos um dia de repouso, queria tudo menos um encontro com o freio nos dentes. 

O intervalo chegou com poucos mais motivos de registo, à excepção de duas faltas feias dos italianos, punidas com cartão amarelo. E, com quinze minutos de intervalo pelo meio, Toldo continuou a fazer proeza sobre proeza, nas vezes em que a muralha defensiva não abafou os remates dos «Diabos Vermelhos». 

Waseige tentou tudo, lançando Nilis e colocando o «leão» Mpenza a aquecer. Mas Zoff respondeu à altura, trocando Totti por Del Piero. Talvez fosse apenas o efeito psicológico da tremenda ovação que os adeptos «azzurri» dedicaram ao juventino, mas três minutos depois, num dos lances mais bonitos do encontro, Fiore tabelou com Inzaghi à entrada da área e contornou De Wilde com um pontapé-banana a juntar aos grandes momentos deste Europeu. 

A missa estava rezada, embora Waseige ainda tentasse, com a entrada de Mbo Mpenza, relançar as expectativas. Até final, a Bélgica primou pela persistência e pela falta da imaginação, enquanto a Itália, sempre em versão económica, tirava partido da entrada de Delvecchio para o lugar de Inzaghi para, em contra-ataque, ameaçar o 3-0. Este chegou a aparecer, num autogolo de Valgaeren, mas Garcia Aranda decidiu anulá-lo. Talvez por um ligeiro empurrão de Delvecchio, ou então por achar, muito justamente, que três golos era prémio exagerado para uma Itália tão cerebral, tão calculista e tão italiana. 

FICHA DO JOGO  

Itália, 2 - Bélgica, 0 

Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas

Árbitro: Garcia Aranda, Espanha 

ITÁLIA - Toldo; Cannavaro, Nesta, Iuliano e Maldini; Zambrotta, Albertini, Conte e Fiore (Ambrosini, 83 m); Inzaghi (Delvecchio, 77 m) e Totti (Del Piero, 64 m).

Treinador: Dino Zoff

BÉLGICA - De Wilde; Deflandre, Valgaeren, Staelens, Van Kerckhoven (Hendrickx, 45 m); Verheyen (Mbo Mpenza, 67 m), Vanderhaeghe, Wilmots e Goor; Strupar (Nilis, 58 m) e Emile Mpenza.

Treinador: Robert Waseige 

Ao intervalo: 1-0 

Disciplina: Cartão amarelo a Conte (44 m), Zambrotta (45 m) e Wilmots (69 m) 

Marcadores: Totti (5 m) e Fiore (65 m)

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