Sp. Braga-Aves, 2-0 (crónica)

12 nov 2000, 18:25

A chuva, essa maldita A chuva, essa maldita. Este poderia ser o título de um romance, mas apenas serve para dar o mote sobre um jogo do futebol. Um jogo em que a tempestade encharcou o relvado, mas o Braga soube dar a melhor resposta às contrariedades. O Aves apenas esboçou reacções ténues. Por isso, perdeu.

Por vezes, é impossível fazer-se melhor. Os jogadores podem ter muita vontade, empenho e uma porção infinita de técnica, mas se as condições climatéricas não ajudarem nada feito. A história do livro em Braga foi assim, começou pelo capítulo crucial que se chamou chuva e condicionou o enredo, do primeiro ao último minuto. Ao menos houve golos e uma pontinha de emoção, que acabou por surpreender os presentes. 

Não é preciso esclarecer o óbvio, mas neste caso temos de sublinhar uma questão. Quando chove não há relvado que resista, porque a água ensopa o solo e prende a bola, contrariando a fluidez de jogo. Conclusão: o espectáculo sai prejudicado, porque os jogadores são obrigados a fazer uso do músculo, em detrimento das fintas mágicas ou dos passes telecomandados, aquilo que leva as multidões aos estádios. 

Mesmo assim, não se pode dizer que foi um mau jogo, pelo contrário. Mas a intempérie contrariou a lógica e acabou ter efeitos nefastos no desenrolar dos acontecimentos. A bola nem sempre foi bem tratada, tudo porque os protagonistas optaram por executar de forma prática, sem deslumbramentos, privilegiando a eficácia. Assim aconteceu. 

Perante condições pouco favoráveis, chegar ao golo não seria tarefa fácil. De maneira nenhuma. Os desenhos tácticos depressa foram riscados e o nervosismo seria uma arma a combater. A bola emperrava e os jogadores acusavam a ausência de inspiração. Mas tudo isto durou pouquinho, apenas 11 minutos. A sério, é a mais pura das verdades. 

Barroso soube acalmar o Braga na marcação de um livre directo, pois, até então, o Aves causava perigo, graças à velocidade estonteante de Douala e às desmarcações de Quinzinho. Já agora, um parêntesis importante: quando uma equipa tem um jogador que faz a diferença nos lances de bola parada, o adversário tem de ter mais respeito. E isso não aconteceu. Tudo porque Braima e Quim Costa exageraram nas faltas para desgraça do guarda-redes do Aves. 

Esperança na segunda parte 

De repente, a chuva parou e a esperança renasceu, essencialmente porque o Aves apostou no ataque, ou seja, foi mais acutilante. Pelo menos, procurou ser. Logo no reatamento, Nuno Afonso dá o mote, mas o guarda-redes Quim evita o cabeceamento e Feher salva sobre a linha. Neca gritava golo, mas em vão, ao mesmo tempo que Manuel Cajuda respirava de alívio. 

A partir daqui, o jogo adormeceu. Mas porquê? Não há nenhuma resposta plausível. O Braga dominava os acontecimentos e o Aves rapidamente perde a acutilância, sem saber ler nem escrever. As faltas sucediam-se e Barroso procurava a dilatar a vantagem, mas não conseguia, até Feher riscar todos os pecados e estabelecer o resultado final. Faltavam 12 minutos para o último apito do árbitro e a história já estava escrita. Foi só rever o texto.

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