Alverca-Aves, 5-1 (crónica)

22 out 2000, 19:20

Defesas mas pouco Goleada autorizada por falhas defensivas em série e atitude tranquila de mais, quando a tendência do jogo e do marcador exigiam atenção duplicada. O Aves comprometeu-se a partir da rectaguarda e confiou em demasia em dois jogadores que brilharam há uma semana. A vida do Alverca só podia ter ficado facilitada.

Desnível inequívoco, goleada imprevisível, exibição de fazer corar de vergonha. Neca congeminara na melhor das intenções. Estava capaz de jurar que a produção frente ao Sporting dinamizaria os seus jogadores para um trabalho pujante, autoritário, vitorioso. Servia-se de um argumento inabalável, que esbatia a eventual fraqueza defensiva e duplicava a expectativa. Cria que quem marca três golos ao campeão e a Schmeichel pode muito bem pisar qualquer relvado com confiança e crença. 

Os seus jogadores, no entanto, trairam-no. Quiseram reciclar a façanha da jornada anterior, adptá-la aos ares do Ribatejo, mas perderam-se no exercício inicial de detecção de dificuldades. Quinzinho ainda furava, Rui Lima criava, os companheiros ficavam a assistir. Confiavam na capacidade desta dupla e poupavam no empenho e na pressão. Queriam vencer sem correr, sem meter o pé, sem acompanhar o adversário que partia para ameaçar Tó Luís. Apostavam na concentração mínima exigível e percorriam mais de meio caminho para a derrota. 

Jesualdo Ferreira apercebeu-se ao quarto de hora, quando o Alverca ainda hesitava no passe e na maquinação que deixava um olho em Quinzinho e outro na baliza adversária, dividindo intenções entre atacar e esperar por algo que tardava. A ordem era para Rui Borges acelerar e Ramires imitar. Caju rodopiava, desenhava uma circunferência em redor do marcador sempre que queria deixá-lo para trás e ficava a aguardar o cruzamento. A rapidez do processo bastaria para superar Bilong e José Soares e envergonhar os laterais que, instantes antes, só se tinham apercebido dos extremos contrários pela corrente de ar que a correria destes provocara. 

Da pacatez à goleada 

Ramires, Milinkovic e Rui Borges, após oito minutos e emoções concentradas em metade do terreno, e Caju, já a instantes do descanso, tinham ganho o jogo. Bastavam quatro remates, todos devidamente acompanhados por festejos, para segurar a vitória e redobrar o embaraço alheio, ainda assim amenizado com a saída de José Soares ao intervalo e o recuo de Rui Lima para um sector que começava a divertir as bancadas. 

Era altura do Aves correr pela dignidade e retocar a imagem esborratada por uns pingos de suor iniciais. Marco Aleixo e Nilton acertavam no ferro e garantiam que não seria a sorte a contribuir para a reacção que se tornava obrigatória. Quinzinho insistia, puxava os companheiros pelo braço, mas Paulo Santos voava para blocar o couro que seria de honra. Era o sinal da fatalidade completa que surgiria com o quinto golo do Alverca, o mais bonito de todos, concebido pelo pé esquerdo de Ramires. Nada a fazer, a não ser aguardar pelo inesperado, que teria direito a uma aparição fugaz aos 82 minutos no auto-golo de Veríssimo. Os jogadores hoje de amarelo não ousaram festejar.

Mais Lidas

Patrocinados