F.C. Porto-Barry Town, 8-0 (crónica)

25 jul 2001, 23:48

Uma maravilha no jogo ideal Deco esteve simplesmente genial. Esteve nos oito golos, marcou três e levantou o estádio. Os portistas tiveram um arranque de época fulgurante.

Um génio que se soltou finalmente das cordas que o prendiam às exibições apagadas. Uma noite de glória, melhor do que o mais confiante dos adeptos poderia esperar. Ideias esparsas que servem para resumir a exibição espectacular que o F.C. Porto realizou esta noite, frente a um Barry Town fraquíssimo, que foi o adversário ideal para massajar o ego portista (aqui incluem-se jogadores, equipa técnica, administradores da SAD e adeptos). 

Certezas que ficam e que servem de aviso à concorrência. De facto, os resultados da pré-época nada valem e o que é real é o que surge nos jogos «a doer». Assim sendo, e dado que este foi o primeiro desafio oficial desta época em Portugal, a equipa de Octávio mostra que tem tudo para viver um grande ano e que nem precisará de Jardel para marcar (muitos) golos. É claro que nunca se pode prescindir de «Super-Mário», mas com Deco e Pena na forma actual quem precisa de mais jogadores? 

É maravilhoso ver Deco em campo. Trata-se de um jogador fabuloso, que esteve nos oito golos, marcou três e tentou muitos mais. O seu valor esgota todos os objectivos e lança-o para a esfera dos sobredotados. Bem merece os cânticos entoados por um estádio cheio, com mais de 40 mil almas a regozijar por terem tido acesso a um espectáculo único (e que não passou na televisão). 

Apesar da omnipresença de Deco, outro brasileiro brilhou na festa da goleada. Numa altura em que Pinto da Costa não cessa nas negociações por Jardel, Pena aproveitou da melhor forma este jogo para marcar quatro golos cheios de raiva e oportunidade, atributos que devem sobressair num «matador». Foi ele quem abriu o marcador, quebrando uma barreira defensiva galesa que só durou 12 minutos (mas que se prolongou ao longo de todo o encontro). Foi ele que deu ainda maior expressão à humilhação, apontando mais três na segunda parte, quando já todos agradeciam o 5-0. 

Esmagador 

No regresso ao 4x3x3, Octávio seguiu as ideias do Engenheiro Fernando Santos. Não inventando, nem arriscando em demasia. Sim, jogou com dois «trincos» - Paredes e o irrequieto Soderstrom -, e com uma frente de ataque alargada, com Capucho e Clayton bem abertos nas alas e Pena no meio. Deco era o criativo do meio-campo, com espaço para lançar os ataques e sem a preocupação de defender.  

Do outro lado um Barry Town ultra-defensivo, com o objectivo único de sofrer o menor número de golos possível. Os galeses nunca prescindiram do 4x5x1, mesmo quando já estavam a perder por seis, sete ou 8-0. De nada lhes valeu fazer o «bluff» inicial, dizendo que se o Liverpool tinha ganho, por que é que também não poderiam vencer? Pois, fiquem lá com esta. O que é mais curioso é que há precisamente um ano, quando a mesma equipa defrontou o Boavista, numa pré-eliminatória para a Taça UEFA, perdeu por 3-0 no Bessa e 2-0 em Barry... 

A história do jogo de hoje, no fundo, resume-se aos oito golos e aos toques de imensa classe de Deco. Toda a equipa ficou ofuscada pelo seu talento, que pairou no relvado durante os 75 minutos que esteve em campo. Só nesse momento é que as bocas de espanto se fecharam, sendo substituídas pela ovação geral, em pé e com o orgulho estampado no rosto dos portistas. Estava consumada a reconciliação do brasileiro com os adeptos, depois das críticas que lhe foram feitas na época passada 

Mas houve mais para além de Deco. Pena marcou quatro golos e esteve impecável no momento da finalização. Soderstrom deu ainda mais razões para Octávio continuar a deixar no banco Quintana e Costinha, pois foi fundamental na luta do meio-campo, sendo que era e ele e Paredes contra cinco, mas também na hora do ataque não prescindiu de o fazer, o que lhe valeu um golo cheio de oportunidade. 

No final de tudo e tentando justificar a goleada, percebe-se que o ritmo avassalador dos portistas começou por surgir ainda na primeira parte e estendeu-se por todo o jogo. Depois do 1-0 de Pena foram fundamentais os minutos 22 e 23, com duas grandes penalidades apontadas por Deco. Mas antes do final da primeira parte, o F.C. Porto volta a ter dois minutos diabólicos, com o tal golo de Soderstrom, aos 41m, e o terceiro de Deco, de fora da área, após excelente combinação com Capucho (outra grande exibição, como é habitual). 

Pena celebrou o resto da goleada, atirando-a para números escandalosos. Sempre com Deco na origem das jogadas, o ponta-de-lança fez três golos e dois deles foram de cabeça. Quase que como a avisar Jardel de que nas Antas já existe um goleador. A observar (e a incentivar na maior parte das vezes) esteve Octávio, com certeza deliciado com os seus jogadores e a pensar o que é que há-de fazer com o resto das opções que ainda possui no plantel.

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