Vale e Azevedo: defesa aponta falhas na investigação da PJ

15 fev 2002, 20:16

As finanças também foram ouvidas O advogado de Vale e Azevedo tentou desvalorizar o trabalho da Judiciária.

No início da sessão da tarde (sexta-feira) do julgamento de Vale e Azevedo na Boa Hora, o advogado de defesa, José António Barreiros, acabou por contra-interrogar José Peneda, o inspector da Polícia Judiciária (PJ). Barreiros procurou desmontar a investigação da polícia e começou pela titularidade das empresas.

O advogado disse que o facto de movimentar as contas da Sogifa e da JFI, não significa que João Vale e Azevedo fosse o proprietário, já que o poderia fazer enquanto procurador. A defesa mantém desde o início do processo que o arguido é sócio gerente da Sogifa e apenas procurador da JFI.

Quanto a David Fordham, José António Barreiros «estranhou» que não tenha havido uma investigação mais aprofundada ao alegado investidor inglês. o advogado sugeriu que, se uma conta offshore é para ser mantida secreta, Fordham não iria admitir, na carta que enviou ao tribunal, ser o titular. «Nunca lhe passou pela cabeça que JF fosse a sigla de 'Just Fordham'?», perguntou à testemunha. Peneda respondeu que «isso seria infantil». Barreiros recusou também a ideia do branqueamento de capitais, dizendo que a compra de um iate seria «demasiado vistoso» e «invulgar».

De seguida foi ouvido Eurico Cruz, também da Polícia Judiciária, que esteve presente na busca à casa de Vale e Azevedo. A testemunha disse que foram levados «só os documentos relevantes» para a investigação. Sacramento Monteiro, outra testemunha da PJ, não adiantou muito ao processo, referindo essencialmente que há uma apólice de seguro do «Lucky Me» que tem ligação ao arguido.

As finanças

Artur Maria Silva, da Inspecção-Geral das Finanças, foi a última testemunha da tarde. Silva reforçou uma análise que fez às contas e à conta-corrente de Vale e Azevedo e às contas do Benfica, a 31 de Julho de 1999. O inspector concluiu que João Vale e Azevedo devia 93 mil contos ao Benfica, não fazendo parte desta verba os dinheiros da Euroárea e os valores da transferência de Ovchinnikov. A testemunha disse ainda que não foi possível analisar a conta-corrente, já que «não tinha credibilidade em termos contabilísticos», ao passo que as do Benfica «permitiam uma boa base de análise».

Os empréstimos entre Vale e Azevedo e o ex-vice-presidente José Manuel Capristano forma o assunto seguinte. Artur Silva declarou que eram feitos pagamentos mensais «entre mil e três mil contos» para uma empresa de Capristano. Mais ainda, que o ex-vice tinha emprestado 200 mil contos a Vale e Azevedo, alegadamente para pagar as dívidas do Benfica à Segurança Social. «Este dinheiro foi emprestado a título pessoal e como tal não devia ter sido reclamado ao Benfica, uma vez que o clube não tinha responsabilidade», disse.

Quanto à JFI, Artur Silva realçou uma transferência que lhe pareceu mais «estranha», entre as doze que encontrou: Vale e Azevedo reclamou 82 mil contos à empresa e acabou por receber 101 mil.

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