Caso Euroárea: Vale e Azevedo e António Leitão, os discursos de inocência

11 jun 2003, 21:07

Antigo presidente do Benfica e antigo director financeiro lado a lado no tribunal O antigo presidente e antigo director financeiro do Benfica foram chamados ao tribunal.

João Vale e Azevedo, antigo presidente do Benfica, voltou esta quarta-feira à barra do Tribunal Criminal de Lisboa para reafirmar inocência dos crimes de peculato, branqueamento de capitais e falsificação de documentos pelos quais é acusado.

«Não cometi nenhum crime, não falsifiquei nenhum documento, não branqueei nenhum capital e não me apropriei indevidamente de nenhuma verba», afirmou Vale e Azevedo. «Não tinha capacidade técnica para forjar documentos ou assinaturas. Era completamente analfabeto em termos de escrita em computador. Aprendi no Estabelecimento da Polícia Judiciária, mas ainda não sei fazer tratamento de texto», justificou o antigo dirigente.

Vale e Azevedo falou durante cerca de uma hora e voltou a abordar o processo Serguei Ovchinnikov. O advogado reafirmou que é o Benfica que lhe deve dinheiro e nunca o contrário. «A conta do Barclays estava ao serviço do Benfica e da Vale e Azevedo Associados. O fluxo de dinheiro sempre foi entre mim e o clube e nunca o contrário. Eu sou credor em 1,5 milhões de contos», esclareceu.

Vale e Azevedo esteve no tribunal, mas teve a companhia de António Leitão, economista e antigo director financeiro do clube durante a presidência de Vale e Azevedo. Leitão é também arguido no processo, sendo acusado de três crimes de falsificação de documentos, em co-autoria. Em causa estão os contratos-promessa de compra e venda de terrenos localizados no Seixal e da urbanização Sul do Benfica, negócio que, alegadamente, terá permitido a Vale e Azevedo apropriar-se de cerca de 5 milhões de euros sem conhecimento dos órgãos sociais do clube.

Segundo o despacho de acusação, o contrato rubricado com a Euroárea, Saspre e Benfica, foi alterado através de foto-montagem, fotocópias do documento original e falsificação de assinaturas e o respectivo cheque de um milhão de contos não entrou na contabilidade do clube. Ainda segundo a acusação, Vale e Azevedo falsificou a assinatura de José Capristano no contrato entregue na contabilidade e falseou os resultados apresentados em Assembleia Geral.

«A contabilidade funciona apenas como um depositário de documentos. Não havia validação de contratos. A nossa preocupação era a forma e não o conteúdo dos mesmos», disse António Leitão, acrescentando que existiram «falhas de memória da parte de alguns intervenientes no processo». «Não houve nenhum acordo entre mim e Vale e Azevedo para falsear contratos, nem para fazermos uma cabala contra o clube», esclareceu.

O julgamento do caso «Euroárea» continua no dia 18 de Junho, pelas 14h30. 

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